
Arábia Saudita suspende importação de carne de pato do Brasil
A empresa Villa Germania Alimentos S.A., fabricante de carne de pato, com sede no município de Indaial (SC), informou que também foi desabilitada pela Arábia Saudita para a exportação de aves para aquele país.
A Associação Catarinense de Avicultura (ACAV), entidade de representação e defesa das indústrias de abate e processamento de aves em Santa Catarina afirma que não sabe o motivo da decisão.
O comércio com os árabes movimenta cerca de US$ 11 bilhões por ano, com um superávit a favor do Brasil de cerca de US$ 6 bilhões.
Apesar de não ser oficial, a medida tomada pelo governo Saudita é uma retaliação dos países Árabes à decisão, anunciada pelo governo Bolsonaro, de mudar a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém.
Em sua bajulação ao governo Trump, que tomou essa decisão provocativa ao mundo parabe, desrespeitando posição da ONU, que considera Jerusalém, a “Cidade Sagrada”, como um território em litígio e capítal, tanto de Israel, como da Palestina, o governo prejudica os fabricantes brasileiros de carne de pato.
A Liga Árabe já avisou que se o governo insistir na decisão, as importações serão afetadas.
Segundo nota da ACAV, a Villa Germania é a única empresa de abate e processamento do Brasil e da América Latina a exportar carne de pato para a Arábia Saudita. A unidade gera 300 empregos diretos e mantém uma base produtiva no campo com 50 famílias rurais do Planalto Norte, Vale do Itajaí e Alto Vale do Itajaí. A empresa iniciou as exportações em 2008 e nunca havia sofrido descredenciamento. Desde 2003 com registro do Ministério da Agricultura, com todas as licenças, alvarás e licenciamentos rigorosamente em dia.
Nos últimos 5 anos, a Villa Germânia tornou-se a maior fornecedora de carne de pato para a Arábia Saudita, respondendo, em alguns anos, por quase 100% das importações sauditas para essa categoria de proteína. Nesse período, a Arábia Saudita respondeu por 30% do faturamento da empresa com exportações. A empresa já solicitou ao Ministério da Agricultura, à ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), à Secretaria de Estado da Agricultura e à ACAV apoio para o restabelecimento urgente do credenciamento.
Conforme informado anteriormente pela ACAV, outras empresas catarinenses também foram afetadas. A BRF de Concórdia e a Vossko de Lages foram desabilitadas. A unidade de perus da BRF, em Chapecó, não chegou a ser habilitada porque estava em regime de lay off, com produção paralisada, quando a missão técnica da Arábia Saudita esteve no Brasil.
Santa Catarina tem grande protagonismo no universo da avicultura industrial: é o segundo Estado produtor e exportador, tendo, em 2018, embarcado para 135 países 1,4 milhão de toneladas de carne de frango, obtendo divisas de 1,8 bilhão de dólares. Responde por 28,67% das receitas das exportações brasileiras tendo como principais compradores Japão, China e Arábia Saudita.