
O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), líder de um dos blocos de oposição da Câmara Federal, afirmou, em pronunciamento nesta quarta-feira (20), que uma primeira análise da proposta de reforma da Previdência apresentada pelo governo revela que ela é uma proposta que “impacta as pessoas mais sofridas deste país”.
“Afinal de contas foi dito para o país durante a última campanha eleitoral, quando o atual presidente era candidato, que ele faria uma reforma da Previdência para combater privilégios. O que nós percebemos, na primeira passada de olhos nessa proposta é que são afetados gravemente as pessoas mais sofridas do Brasil”.
“Eu começo pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC). Sua mudança vai atacar as pessoas em situação de extrema pobreza, de extrema necessidade. Essas são, por exemplo, imediatamente afetadas por essa proposta. Fazendo com que as mesmas ganhem menos de um salário mínimo e aumentando a idade necessária para que possam atingir, aos setenta anos de idade, o piso de um salário mínimo”.
“Será que é razoável, num país tão desigual como o Brasil, um dos mais desiguais do mundo, fazer com que as pessoas em situação praticamente de miséria socioeconômica tenham que esperar até os 70 anos? Talvez o atual governo esteja torcendo para que morram antes e não cheguem a receber um salário mínimo. Será que fazer isso, é fazer justiça social?”
“Será que é justo exigir um tempo mínimo de contribuição de 20 anos, excluindo boa parte daqueles que ganham um salário mínimo, e que não conseguem nem comprovar 20 anos de contribuição? Não é porque não tenham trabalhado, é porque, às vezes, não têm os papéis, não conseguem mostrar que trabalharam a vida inteira e a sua contribuição não foi sequer recolhida. São essas pessoas que vão ser atacadas por essa proposta de reforma da Previdência”.
“Será que é razoável exigir que trabalhadoras rurais, as mulheres que estão no campo, carregando peso sob o calor do sol, debaixo de chuva, para alimentar o nosso país, será que é razoável exigir que essas mulheres trabalhem mais alguns anos para terem direito a uma velhice digna, a uma aposentadoria minimamente decente?”
“Será que é razováel atacar os professores e as professoras do nosso país? Fazer deles o alvo. Dizer que o problema do nosso país é que os professores são tratados de maneira privilegiada? Será que alguém no Brasil acredita nisso? Certamente não”, concluiu Molon.