Os Estados Unidos mantiveram o embargo sobre a carne bovina in natura brasileira. Em março deste ano, após um encontro entre Bolsonaro e Donald Trump, em Washington, os governos americano e brasileiro divulgaram um comunicado conjunto informando que fecharam um acordo no sentido de liberar a compra de carne in natura exportada pelo Brasil e, em contrapartida, o Brasil criaria uma cota tarifária permitindo a importação de 750 mil toneladas anuais de trigo com tarifa zero.
No relacionamento entre o Brasil e EUA, tão defendido pelo governo Bolsonaro, até o dia de hoje (5), só houve concessões pelo Palácio do Planalto.
Segundo o governo, a decisão de manter o embargo é resultado de uma inspeção técnica liderada pelo Departamento de Agricultura no Brasil, no qual o relatório foi disponibilizado para o governo brasileiro na quinta-feira (30).
A decisão foi “frustrante”, segundo o governo, pois as justificativas de Trump não têm sustentação, já que o embargo foi decidido por razões estéticas, e não sanitárias. A postergação indica que não há vontade política dos EUA de liberarem as exportações brasileiras, dizem interlocutores do governo.
“Não há nenhuma indicação de que eles tenham vetado. O relatório diz apenas que existem algumas inconformidades que não são difíceis de serem respondidas. O que causou frustração é que os EUA vão enviar uma nova missão, o que indica que eles podem estar enrolando a gente”, disse uma fonte do governo ao Globo.
Não é a primeira vez que os bolsonaristas ficam cabisbaixos frente às atitudes do governo norte-americano.
Bolsonaro havia pedido para Trump maior acesso às exportações de açúcar para aquele país e o apoio para entrar na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Em troca, o governo brasileiro abriu mão do status de nação em desenvolvimento na Organização Mundial do Comércio (OMC), e por causa disto perdeu preferências em negociações agrícolas, além de ampliar em 150 milhões de litros o volume de etanol importado dos EUA.
Do lado norte-americano ocorreu o envio de um documento à OCDE, no mês passado, propondo a entrada da Argentina e da Romênia no clube dos países mais ricos – ignorando o Brasil.
Gerado o mal-estar em Brasília, o Secretário de Estado, Mike Pompeo, e Donald Trump, apenas reiteraram o apoio da entrada do Brasil na OCDE, mas só isso, nada de carta ou qualquer documento oficial foi encaminhada à OCDE ratificando este apoio.
Já as exportações de açúcar para EUA continuam na estaca zero.