O presidente reeleito da Bolívia, Evo Morales, denunciou nesta quarta-feira que “a Organização dos Estados Americanos (OEA) tomou uma decisão política, não uma decisão técnica ou legal” ao acusá-lo de fraudar as eleições no último dia 20 de outubro. Apontou a participação norte-americana no golpe, frisou, “a OEA está a serviço do império norte-americano”.
Na avaliação de Evo, que se encontra refugiado na Cidade do México, houve uma articulação fascista para colocar os setores mais desprezíveis e anti-democráticos no poder “e, infelizmente, a OEA deu apoio a esse golpe de Estado”. “Eu recomendo aos novos políticos da América Latina: cuidado com a OEA. A OEA é neogolpista para mim”, afirmou.
O que demonstraram ao se insurgir contra o resultado das urnas, que lhe garantiram a eleição no primeiro turno com mais de 47% dos votos e uma diferença superior a 10% dos votos para o segundo colocado, assinalou, é seu desprezo pela democracia. “Não aceitam um índio presidente, nossas políticas sociais e econômicas de nacionalização dos recursos, não aceitam que nós indígenas sejamos anti-imperialistas e anticolonialistas”, destacou.
Para Evo, é completamente descabida a autoproclamação da senadora golpista Jeanine Añez como presidente interina na Bolívia. “A única saída é respeitar nossa Constituição, recuperar a democracia; a única saída é respeitar o povo e principalmente os movimentos sociais”, defendeu Evo, conclamando às forças policiais e militares para que não “disparem uma bala”. “Equipei as Forças Armadas não contra o povo, não para que sejam contra o povo, mas para que defendam a pátria. Lamento muito que as Forças Armadas estejam agora do lado de um golpe de Estado”, condenou.