Com as mortes por coronavírus chegando a 107 na quarta-feira (4) e os casos confirmados superando os 3 mil, o governo italiano decidiu fechar a partir desta quinta-feira até – pelo menos – o dia 15 todas as escolas e universidades no país, além de outras medidas de contenção da epidemia. O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro Giuseppe Conte.
A Itália enfrenta o pior surto da doença na Europa e tem o maior número de casos de coronavírus de qualquer país fora da Ásia.
Em relação ao domingo, o total de casos confirmados quase dobrou, de 1649 para 3089 – o que significa cerca de 500 novos contágios por dia.
Foram 55 mortos nas últimas 48 horas – quase todos idosos com doenças pré-existentes. O contágio já atinge 16 das 20 regiões italianas.
As medidas foram tomadas após endosso dos partidos da coalizão no poder, o Movimento 5 Estrelas e o Partido Democrático, e dos governadores das 20 regiões italianas.
O decreto determina ainda a suspensão de “eventos de qualquer natureza” que envolvam “concentração de pessoas e não permitam que seja respeitada uma distância de segurança de pelo menos um metro”, inclusive cinemas, teatros e museus. Todos os principais eventos esportivos – inclusive o futebol da Série A – serão disputados em estádios vazios.
O primeiro-ministro italiano explicou que o executivo optou por uma disposição tão drástica para preservar o sistema nacional de saúde e retardar a propagação do vírus. “Nossos hospitais, apesar de sua eficiência, correm o risco de ficar sobrecarregados, temos um problema com unidades de terapia intensiva”, assinalou Conte.
O governo italiano seguiu as recomendações de uma comissão científica que no dia anterior havia aconselhado o cancelamento por um mês de todos os eventos esportivos com audiências em todo o país, com voto favorável do ministro da Saúde, Roberto Speranza.
Estima-se que 100 mil pessoas, no norte do país, onde o surto surgiu, estejam sob quarentena.
Como a vice-ministra da Economia, Laura Castelli, assinalou ao jornal La Repubblica, o governo está correndo contra o relógio para definir as alternativas possíveis que possam minimizar o impacto de bloquear todas as escolas do país por 10 dias, no meio do ano letivo.
Ela acrescentou que o governo analisa oferecer a opção a um dos pais de não comparecer ao trabalho, para que possa atender crianças que não vão à escola por mais de uma semana.
A partir desta sexta-feira, alunos poderão ter aulas à distância. As autoridades pediram aos dirigentes dos centros educacionais que ativem qualquer sistema de educação à distância, se houver, e sempre que possível.
Até agora, as aulas estavam suspensas apenas nas regiões de maior número de contágios, como Ligúria, Lombardia, Piemonte, Marcas e Emília-Romanha.
A decisão de estender as restrições educacionais a todo o território nacional “não foi fácil”, disse a ministra da Educação, Lucia Azzolina, ao jornal La Repubblica. Como aconteceu nas áreas no norte, a data do dia 15 deve ser considerada provisória, pois tudo depende de como avança a contenção da Covid-19.
O virologista e professor universitário Roberto Burioni recomendou manter as escolas fechadas para diminuir a taxa de infecção. “Caso contrário, você corre o risco de infectar e ser infectado. É justo fechar escolas em todas as áreas onde os casos foram registrados, levando em conta que o vírus está se espalhando por toda a Itália”, destacou.