Os salões de barbeiro, como os botecos, são espaços, entre outros, em que se ouve a voz do povo, aquilo que está na percepção dos cidadãos comuns que acompanham o cotidiano do país.
Hoje, ao aparar o cabelo em uma barbearia que frequento há anos, em Brasília, equipada com telas de computadores para exibir os jogos da Copa e adornada por fotografias que rememoram os tempos áureos de diversos clubes do país, ouvi uma conversa reveladora: um cidadão ao lado simplesmente disse que o campeonato mundial disputado no Catar em boa medida não despertou o interesse esperado dos brasileiros por causa da política.
Ou seja, porque alguns, como Valdemar, presidente do PL, acossado pelo inconsolável Jair, teimam em colocar em dúvida o resultado das urnas eletrônicas, não de algumas, vejam só, mas de 250 mil, das quase 600 mil que foram utilizadas pela Justiça Eleitoral no pleito de 2022, ou seja, quase a metade delas.
O presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, foi rápido no gatilho, e desmontou o farisaísmo do partido de Bolsonaro ao decidir que sequer analisaria o requerimento em tela se o PL não incluísse no pedido a anulação, também, do resultado do 1º turno, afinal, as urnas utilizadas foram, rigorosamente, as mesmas.
A área técnica do TSE já informou que todas as urnas dispõem de numeração, identificação de zona eleitoral e seção de votação, contrariando a milionária auditoria contratada pelos ‘liberais’.
A entrevista concedida por Valdemar à imprensa no ato do protocolo do pedido, bem como pelos advogados contratados pelo partido, revela, além da inconsistência e fragilidade de argumentos, um presidente de partido cumprindo uma tarefa que lhe foi cobrada, certa e insistentemente, pelo presidente derrotado. Uma aberrante encenação.
Fico imaginando o número de ligações que o Jair, em suas férias compulsórias, fez a Valdemar nesses últimos dias, exigindo uma providência do partido, afinal, o crescimento do PL no legislativo e em alguns governos estaduais só aconteceu, segundo ele, em razão do bolsonarismo.
Valdemar, como sabemos, não é, estritamente, um bolsonarista de carteirinha. Trata-se de um caricato oportunista da política, que caminha de acordo com a onda, buscando se aproveitar dela como alimento para seus interesses, invariavelmente, nada republicanos, como já vimos no passado.
Nesse episódio, não poderia deixar de fazer um jogo de cena para tentar aquietar a desolação que habita, hoje, o Alvorada e abate seu principal morador, e vitaminar a cambaleante narrativa de que são vítimas da Justiça e de seus magistrados, da imprensa, etc, etc, e etc, e não do descalabro econômico, social e sanitário que provocaram no país nos últimos quatro anos.
O problema, mais uma vez, é o efeito colateral desse movimento, especialmente junto à horda cega de fanáticos que insiste em permanecer nas proximidades dos quartéis ou, em menos monta, nas rodovias brasileiras, diante do mais provável e seguro: o desmonte por parte da Justiça Eleitoral de mais uma farsa golpista do bolsonarismo, agora, com a lavra do Valdemar e seu PL.
Será apenas mais um capítulo patético e vergonhoso dessa novela protagonizada por farsantes fantasiados de políticos, sem nenhum apreço ao país, muito menos à democracia.
Todavia, à maioria esmagadora dos brasileiros, certamente, não faltará, nesta Copa, como não faltou em nenhuma delas, o entusiasmo pela Seleção Canarinho e o Brasil, agora, com a missão redobrada de resgatar o verde-amarelo surrupiado cínica e hipocritamente pelos inimigos da Pátria, como pregou, oportunamente, o presidente Lula.
MAC