Em audiência virtual na Câmara dos Deputados, representantes dos agentes comunitários de saúde denunciaram a falta de condições de trabalho a que estão submetidos durante as ações de combate ao Covid-19.
A categoria reclama, entre outras coisas, da falta de equipamentos de proteção, de orientação sobre a doença, e falta de testes para os profissionais.
No país existem cerca 400 mil agentes comunitários pagos pelo governo federal para prestarem assistência básica de saúde junto às comunidades carentes, às periferias das grandes cidades, localidades mais vulneráveis e municípios de todo o Brasil.
Eles atuam na prevenção de doenças, orientações sobre higiene, alimentação e promoção da saúde, mas, para Ilda Correia, presidente da Confederação Nacional dos Agentes Comunitários de Saúde e Endemias, estão “abandonados”.
“Nós não tivemos orientação, inclusive, sobre a doença em si. Tudo que os agentes de saúde fizeram nos primeiros meses foi baseado no que viram na grande mídia e pelas redes sociais. Ninguém teve a preocupação de nos capacitar”, disse.
Segundo ela, até agora pelo menos 45 agentes comunitários de saúde morreram de coronavírus. E defende a importância dos testes para a categoria “para saber se têm condições de sair às ruas”. Ela também afirmou que a categoria reivindica adicional de insalubridade de 40%.
A deputada federal Jandira Feghali argumentou que “há dois meses, essa mesma comissão já indicava ao Ministério da Saúde os testes para as regiões de periferia e favelas” como importante ação de combate ao coronavírus, “para que o hospital fosse a linha de chegada, não a linha de partida”.
A vice-presidente do Conselho Nacional das Secretarias Municipais de Saúde, Cristiane Pantaleão, denunciou que, em um primeiro momento, algumas ações até pararam de funcionar porque não havia informação nem equipamentos de proteção.
Para a assessora técnica do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, Maria José Evangelista, “é preciso correr atrás do prejuízo porque as outras doenças continuam avançando e muitas pessoas vão começar a ter problemas de saúde mental”.
Segundo ela, somente há uma semana foi elaborado pelo conselho um guia sobre a Covid-19, porque as primeiras notas de orientações do Ministério da Saúde eram inadequadas e não tinham uma linguagem prática.