![](https://horadopovo.com.br/wp-content/uploads/2022/10/Montagem-Roberto-Jefferso-carro.jpg)
Chefe do Executivo havia dito que gostaria de encontrá-los, mas os policiais se recusaram, para não serem usados como propaganda eleitoral
O delegado e os agentes da Polícia Federal (PF) feridos por Roberto Jefferson (PTB), no último domingo (23), não aceitaram encontrar Jair Bolsonaro (PL) após o ataque do amigo dileto e aliado político de primeira hora do presidente da República.
O presidente havia dito que gostaria de encontrá-los, mas os policiais se recusaram, para evitar que fossem usados politicamente por Bolsonaro, que tenta estacar a sangria que a crise protagonizada por Jefferson trouxe para a campanha dele.
É sempre assim. É corriqueiro. Quando Bolsonaro ou aliado muito próximo faz bobagem que abala as estruturas do Planalto e da campanha, o presidente tenta aproximação artificial. Foi assim no caso do assassinato do dirigente do PT em Foz do Iguaçu.
E não foi diferente no caso das adolescentes venezuelanas. Aquele, do “pintou um clima”. Ou se quiser, lembre-se da carta elaborada pelo ex-presidente Michel Temer (MDB), depois da tentativa de golpe, em 7 de Setembro de 2021.
ALÍVIO PARA ALIADO E HIPOCRISIA
A agente Karina de Oliveira teve ferimentos no rosto e na coxa, e ficou com estilhaços de granada no quadril, segundo a perícia da PF.
O delegado Marcelo Villela foi ferido na cabeça e disse, em depoimento, que exame de raio-x constatou dois fragmentos, possivelmente, estilhaços de vidro, alojados no crânio dele.
Bolsonaro, após o ataque de Roberto Jefferson, disse que “o tratamento dispensado a quem atira em policial é o de bandido”, mas não discursou em defesa dos agentes feridos, na ação de cumprimento de decisão judicial. E ainda atacou o STF.
ENTENDA OS FATOS
No último domingo (23), policiais federais foram à casa do ex-deputado e amigo de Bolsonaro, Roberto Jefferson (PTB), para cumprir mandado de prisão. Cumprindo prisão domiciliar, portanto, proibido de acessar redes sociais, dar entrevistas e receber visitas, ele proferiu ataques inomináveis e abjetos contra a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia.
Ele comparou a magistrada, a “prostitutas”, “arrombadas” e “vagabundas” em vídeo publicado pela filha, Cristiane Brasil (PTB), na última sexta-feira (21). O vídeo ganhou as redes e viralizou.
Ato contínuo, o ministro do STF e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moares, decidiu revogar a prisão domiciliar.
Agentes da PF foram à casa do ex-deputado, a fim de cumprir a decisão judicial e foram recebidos à bala e granadas, numa ação terrorista do ex-deputado. Jefferson, segundo ele mesmo, desferiu mais 50 tiros com fuzil e atirou três granadas de “efeito moral” na equipe policial que fora prendê-lo.
Na última segunda-feira (24), Moraes determinou a remoção, em redes sociais, do vídeo em que o ex-deputado federal Roberto Jefferson aparece fazendo ataques contra a ministra Cármen Lúcia.
CONSEQUÊNCIAS
Logo após a ampla divulgação do vídeo e a consequente vinculação de Jefferson com Bolsonaro, eles são amigos e aliados políticos de outrora, abriu-se uma crise no QG de campanha à reeleição do presidente.
Se por um lado, a ação tresloucada, para dizer o mínimo, do aliado político de Bolsonaro não lhe tirou votos, por outro, interrompeu trajetória ascendente na reta final de campanha. As pesquisas de intenção de voto desta semana captaram esse quadro.
Fontes do QG de campanha do presidente da República confirmam que o clima é de final de festa.
M. V.