A vice-governadora de Pernambuco e presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, afirmou que a oposição ao governo Bolsonaro deve agir em unidade, amplitude e com foco no impeachment, sem discutir as eleições de 2022.
Na quarta-feira (15), Luciana participou de uma reunião com outros oito partidos para criar um comitê que organizará a luta pelo impeachment dentro do Congresso Nacional e de um evento do movimento Direitos Já!, que reuniu 16 partidos, em São Paulo.
Em participação no programa Olhar 65, com os jornalistas Osvaldo Bertolino e Adalberto Monteiro, Luciana relatou que “o que me chamou a atenção” na reunião entre os partidos “foi o espírito de amplitude e de compreensão do conjunto de forças”.
“Há, cada vez mais, o entendimento de que nós não podemos colocar a eleição de 2022 na frente da luta que travamos hoje para resgatar o nosso país”.
“Precisamos retomar as grandes manifestações pelas Diretas Já, da luta pela anistia, do momento em que nós conseguimos interromper a ditadura militar. Tudo isso só foi possível quando se juntou muita gente, quando dialogamos com muitos setores que não pensam igual a gente, mas que têm unidade de que Bolsonaro não dá”, continuou a vice-governadora.
“Uma das decisões mais importantes que nós tiramos dessa reunião de partidos foi de que nós precisamos acolher os diferentes. Não dá para a gente tomar iniciativas e na prática fazer uma disputa velada com as posições de cada um”.
A reunião entre os partidos também decidiu pela elaboração de um manifesto “que unifique todas essas correntes”.
“Precisamos entender que existem diferenças programáticas, que existiram posições diferenciadas, mas que hoje se impõe uma necessidade de reunir todos aqueles que estão contrários a essa agenda bolsonarista. Nós precisamos ampliar”.
Luciana Santos calcula que somente o campo político da esquerda teria entre 120 e 130 votos para o impeachment, o que está longe de ser suficiente.
A presidenta do PCdoB defendeu a participação de movimentos e lideranças dissidentes do Bolsonarismo, como o MBL e Joice Hasselmann (PSL-SP), na luta pelo impeachment.
Na quinta-feira (16), o DataFolha divulgou uma pesquisa que mostra que a rejeição a Bolsonaro chegou a 53% da população, o maior índice desde o começo do mandato.
Luciana avalia que a rejeição está crescendo porque “Bolsonaro não cuida de absolutamente nenhuma política pública fundamental para o povo brasileiro. É retrocesso na educação, retrocesso na saúde, em qualquer temática”.
“Estamos diante de um governo errático, vazio, sem propostas, incompetente e recheado de evidências de corrupção”, pontuou.
Ainda no programa, Santos discutiu o veto de Jair Bolsonaro ao projeto que institui as federações partidárias, que poderá ser derrubado pelo Congresso na sessão do dia 28.
Segundo ela, as federações partidárias, que foram aprovadas na Câmara com 304 votos, facilitam a união de partidos com identidade programática, em contraponto às atuais “regras eleitorais que dificultam a existência de partidos programáticos”.
O projeto das federações é uma “inovação” que se adequa à nova realidade dos partidos, afirmou.