Departamento jurídico da Anistia Internacional declara a manifestação de Navalny contra imigrantes muçulmanos – que tratou como ‘baratas a serem mortas a chineladas’ – da qual jamais se retratou, não é compatível com os direitos humanos e as normas da entidade
Diante das notórias declarações xenófobas de Alexei Navalny, cuja existência não é mais possível abafar, a Anistia Internacional retirou dele na quarta-feira (24) a designação de “prisioneiro de consciência”, que anunciara após o suposto ‘blogueiro russo’ ser condenado a cumprir pena de 2,5 anos por fraudes contra uma empresa de cosméticos francesa e outra empresa russa.
Como até o New York Times e o Guardian já tiveram de confirmar, Navalny comparou muçulmanos e imigrantes do Cáucaso a “baratas”, que aconselhou a exterminar a tiro. “Não tenho nada do que me arrepender”, disse Navalny anos depois, sobre tais declarações.
A Anistia disse que “não é mais capaz de considerar” Navalny um prisioneiro de consciência porque ele “defendia a violência e a discriminação” e nunca se retratou de nenhuma dessas declarações que fez no passado.
“Sim, não usaremos mais a frase ‘prisioneiro de consciência’ ao nos referirmos a ele, já que nosso departamento jurídico e político estudou as declarações de Navalny em meados dos anos 2000 e concluiu que elas se qualificam como discurso de ódio”, disse o diretor da Anistia Internacional Aleksandr Artemyev ao portal Mediazona.
Antes do curso de verão em Yale em 2010, de onde saiu formado em ‘combatente anti-corrupção’, graças a uma bolsa articulada pela embaixada dos EUA em Moscou, Navalny era um dos chefes dos neonazistas, skinheads e xenófobos da “Marcha Russa” e até foi expulso do partido liberal Yabloco “por suas inclinações de extrema-direita”.
Realmente, ficaria muito difícil para a AI compatibilizar sua imagem de defensora dos direitos humanos com aquele discurso abjeto e tosco, disponível no youtube do próprio Navalny, em que ele exibe uma pistola fumegante depois de abater a tiro um imigrante/barata.
Feita a ressalva, a Anistia voltou a “exigir sua libertação imediata”, a pretexto de que a condenação fora, não por causa das fraudes cometidas, mas por “ativismo antigovernamental”.
A prisão de Navalny se refere a um caso de 2014, quando ele foi considerado culpado de desvio de 30 milhões de rublos ($ 400.000) de duas empresas, incluindo a marca francesa de cosméticos Yves Rocher.
Naquela época, ele teve a pena suspensa, cujos termos violou posteriormente – aliás, repetidamente -, de acordo com a última decisão do tribunal. Assim, sua pena suspensa foi convertida em real.
Recentemente, a porta-voz da chancelaria russa, Maria Zakharova, chamou Navalny de “agente da Otan”, após integrantes de sua trupe clamarem por “mais sanções” contra a Rússia.
Os órgãos de segurança russos divulgaram um vídeo que mostra o diretor-executivo da ‘ong anti-corrupção’ de Navalny, reunido em um restaurante de Moscou com um agente do serviço secreto britânico, em que solicita a Londres que abra a torneira para facilitar o ‘combate à corrupção’.
“Se tivéssemos mais dinheiro, com certeza expandiríamos nossa equipe. Quem gasta aqui … sei lá, 10, 20 milhões de dólares por ano em apoio vai ver um quadro completamente diferente. E para aqueles com bilhões em jogo, não é tanto dinheiro”, disse Vladimir Ashurkov. Tudo devidamente gravado e registrado. Ele já fugiu para Londres faz tempo.
Em agosto passado, depois de passar mal em um voo doméstico na Rússia e ter sua vida salva por um pronto-socorro na Sibéria, Navalny foi levado para Berlim a pedido de sua família, e passou a acusar o Kremlin de tê-lo envenenado com “novichok”, um agente neurológico letal de grau militar. Supostamente, conforme as sucessivas versões, ao ‘tomar chá’; depois, ao ‘beber água de uma garrafa’; e, finalmente, com ‘veneno na cueca’.
Especialistas têm observado que se houvesse sido usado um agente químico de grau militar, não só Navalny não estaria vivo, como haveria outros mortos no avião.
Mais tarde, laboratório da inteligência militar alemã asseverou ter encontrado o veneno, o que contradiz os exames dele feitos na Rússia e em posse das autoridades.
Até hoje, em negação a todos os procedimentos de investigação envolvendo arma química, nada foi apresentado à Rússia, que já disse aos acusadores para mostrarem as provas ou se calarem.