Com o recrudescimento da pandemia em diferentes países, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou, na quinta-feira (25), duas notas técnicas recomendando que a vacinação contra a Covid-19 seja obrigatória para entrada no Brasil por ar e terra.
Atualmente, a entrada de estrangeiros por rodovias ou quaisquer outros meios terrestres está proibida, com algumas exceções. A recomendação da agência é só permitir a entrada de pessoas por este modal se estiverem vacinadas.
“A inexistência de uma política de cobrança dos certificados de vacinação pode propiciar que o Brasil se torne um dos países de escolha para os turistas e viajantes não vacinados, o que é indesejado do ponto de vista do risco que esse grupo representa para a população brasileira e para o Sistema Único de Saúde”, avalia a agência.
As novas recomendações foram encaminhadas aos ministérios da Casa Civil, da Saúde, da Justiça e Segurança Pública e da Infraestrutura, mas Jair Bolsonaro resiste à posição da Anvisa e quer apenas abrir as fronteiras, sem cobrar o chamado “passaporte da vacina”.
A revisão da política de fronteiras e a exigência da vacinação contra a Covid-19 foram enviadas aos ministros em 12 de novembro, mas somente nesta quinta foram divulgadas.
Segundo a nova recomendação, seria necessário que o viajante apresentasse a data da última dose ou dose única acrescida de 14 dias para que pudesse entrar no Brasil. Seriam consideradas válidas as vacinas aprovadas pela Anvisa ou pela Organização Mundial da Saúde.
No entanto, na última quarta-feira (24) Bolsonaro disse que prefere abrir as fronteiras. “Na minha parte, não decido, não mando na Anvisa, (mas) a gente não teria fronteira fechada”, disse Bolsonaro.
“Tem a questão da economia, turismo, um montão de coisas. E o vírus, já falei para vocês, tem de conviver com ele”, afirmou ainda.
Seu ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, também seguiu o chefe e disse que a certificação de vacinação “não precisa”. “Ela não impede a transmissão da doença”, disse o ministro.
A partir da nova recomendação, é o governo federal que deve propor novas medidas para delimitar a entrada de viajantes no Brasil, já que a agência reguladora brasileira “não dispõe de competência legal para normatizar medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos, tais como restringir a locomoção de pessoas”.
Nesta sexta-feira (26), falou para apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada que não vai tomar uma atitude. Um apoiador citou a quarta onda de Covid-19 na Europa, mas Bolsonaro desdenhou. “Você está vendo muita Globo”.
E disse que não adotar restrições para tentar reduzir o contágio da doença. “Tem que aprender a conviver com o vírus”, declarou.
“Não vai vedar, rapaz. Que loucura é essa? Fechou o aeroporto o vírus não entra? Já está aqui dentro”, declarou Bolsonaro ao simpatizante.
Evidentemente Bolsonaro está fazendo um jogo de palavras para esconder sua parceria com o vírus. O que está se exigindo é cobrar vacinação de quem entra no país e não fechar aeroportos. Quem estiver vacinado entra no país pelo aeroporto, quem não estiver, volta do aeroporto.