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Não há dia sem mobilizações e protestos na Argentina. Na quarta-feira, 5, sindicatos que integram a Central de Trabalhadores Argentinos Autônoma, CTA, a Confederação Geral do Trabalho, CGT, a Federação do Azeite, a Frente de Organizações em Luta, FOL, e outras organizações sindicais, sociais e políticas pararam o importante cordão industrial de San Lorenzo, na província de Santa Fé, a segunda mais desenvolvida do país.
“Esta greve regional foi gestada na luta contra as demissões de dezenas de operários da Fábrica Militar de Fray Luis Beltrán e de numerosos conflitos que se estão ocorrendo no Cordão Industrial, como ArZinc, Guerrero, Aceitera Buryaile e Petroquímica Dow-Dupont. Não podemos assistir calados os ataques de Macri a nossa indústria”, afirmou Héctor Carrica, da Associação de Trabalhadores do Estado, ATE.
“A isso se somam as demissões em importantes organismos do Estado, como o Ministério da Agroindústria, Saúde, Educação e Cultura, na Comissão Nacional de Pensões e no Estaleiro Rio Santiago, entre outros, além de fechar as portas em vários setores chaves do Estado”, condenou.
Mauricio Macri anunciou, no início da semana, que eliminará os ministérios de Trabalho, Saúde, Modernização, Ciência e Tecnologia, Cultura, Energia, Agroindústria, Turismo, e Meio Ambiente que se transformarão em secretarias de Estado sob outras carteiras. Com na encenação de economizar gastos, corta o Estado, privatiza as principais responsabilidades do governo.
“A realidade política e econômica que se acirrou nos últimos dias com esse fechamento de ministérios e órgãos públicos, a corrida bancária e a fuga de dólares. Macri está afogando cada dia a classe trabalhadora em seu conjunto, parte da qual se mobiliza no Cordão Industrial esta terça-feira e todos os dias vamos às ruas”, assinalou em comunicado a organização dos trabalhadores estatais.
E na quinta-feira, 6, milhares de pessoas convocadas por várias organizações sociais se concentraram no Obelisco, região central de Buenos Aires, e marcharam até a sede da Agência Nacional de Seguro Social do governo argentino (ANSES) repudiando as demissões de todos os órgãos públicos, exigindo aumento de emergência nas aposentadorias, pensões mínimas e dos subsídios pelos programas de emprego que ficaram cortados pela inflação prevista de 42% no ano%.
“Fora o FMI. Basta de fome!” foi a consigna entoada pelos manifestantes organizados pelas organizações que formam parte da Confederação de Trabalhadores da Economia Popular, CTEP, Bairros de Pé, da Corrente Classista Combativa, a Frente de Organizações em Luta, FOL, e a Frente Popular Darío Santillán.
“O governo não pode ignorar a situação que se vive nos bairros populares, até porque nós não vamos deixar. Há que tomar medidas de emergência ou haverá um levante social. É desesperador porque literalmente há fome, nossos garotos e garotas comem apenas uma vez por dia e isso graças aos comedores comunitários”, disse Esteban Castro, secretário geral de CTEP.
“Com as receitas do Fundo Monetário não há futuro possível. É uma burla que o presidente Macri diga que está preocupado com a situação, quando há milhões de famílias que não tem nem o que comer e o governo se submetendo a receitas que cortam empregos salários, acabam com a economia do país”, sublinhou Dina Sánchez, dirigente da Frente Darío Santillán.
“Estamos atravessando uma crise que levará o país a um estouro social, com milhões de pobres nas ruas em busca de comida. E não adianta condenar nosso povo, os únicos saqueadores que existem aqui habitam na Casa Rosada”, advertiu Marianela Navarro, do FOL, em referencia ao acordo que Macri pretende assinar com o FMI. “Vamos defender o poder aquisitivo dos mais pobres, dos desempregados nas ruas. Alias, o movimento sindical argentino unido está convocando greve geral para dentro de duas semanas”, afirmou.