O delegado José Maria da Silva, preso na quinta-feira (29), durante a Operação Mercúrio contra roubo de cargas, era nada menos do que assessor parlamentar do deputado Delegado Waldir Soares, líder do partido de Bolsonaro na Câmara dos Deputados.
Segundo as investigações, ele e mais três policiais civis, também presos, receberam R$ 100 mil em propina de um homem que tinha sido preso por envolvimento com roubo e receptação de carga para reaver a mercadoria apreendida.
Em nota, a Polícia Civil do Estado de Goiás informou que o “caso tem relação com fatos ocorridos em 2014 na Delegacia Estadual de Repressão a Furtos e Roubos de Cargas (Decar), e que também são apurados pela Gerência de Correições e Disciplina da Polícia Civil, que apoiou a operação”.
No total, equipes trabalharam para cumprir 93 mandados de prisão e 110 de busca e apreensão. Em 13 cidades de Goiás, quase 40 pessoas foram detidas.
O delegado José Maria Silva trabalhava como assessor parlamentar desde junho de 2016 e era responsável por elaborar os projetos de lei do deputado. Em nota, Waldir Soares disse que exonerou o servidor ao tomar conhecimento da prisão temporária.
“A suposta conduta criminosa teria ocorrido quando ele exercia a função de delegado na Delegacia Estadual de Repressão a Furtos e Roubos de Cargas, no período de 6 de fevereiro de 2013 à 30 de janeiro de 2015. Apenas um ano depois, em janeiro de 2016, ele foi cedido pelo governo do estado ao gabinete do deputado federal Delegado Waldir”, aponta a nota.
Segundo o promotor de Justiça do Ministério Público que coordena a Operação Mercúrio, Daniel Martinez, um integrante da organização criminosa, que mora em Uberlândia, viajou para Goiânia “para receber de uma empresa dois veículos, um Camaro e uma Dodge Journey, e cerca de 30 cheques, como pagamento de uma carga roubada que havia sido vendida”.
“No caminho para Aparecida de Goiânia, essa pessoa foi até um galpão onde havia sido oferecida a ela outra carga roubada e acabou presa em flagrante pela Polícia Militar, que localizou os carros e o cheques. Tudo foi apreendido e essa pessoa foi presa, sendo colocada em liberdade depois pelo Judiciário”, contou o coordenador do Gaeco.
Foi a partir da liberação do preso que teria se iniciado a investigação do esquema de corrupção que envolveu os policiais civis. “Posteriormente, essa pessoa voltou e pagou R$ 100 mil para reaver todos os cheques e os dois carros restituídos. Foi verificado que os agentes da polícia que trabalharam no processo sequer listaram os valores dos cheques. Não há sequer um pedido de devolução dos carros”, afirmou Daniel Martinez.