Em celebração ao Mês da Mulher, a Associação de Mulheres Unidas Venceremos, da Bela Vista, em São Paulo, realizou neste sábado (11), junto com o Sindicato dos Padeiros de São Paulo, um dia de atividades na comunidade do Bixiga. Com o apoio da Federação de Mulheres Paulistas (FMP) e a da Associação dos Aposentados da Panificação, o evento foi realizado na sede do Sindicato e contou com atividades culturais, bazar, massagem e lanche para a comunidade.
No ato de abertura, a presidente da Associação de Mulheres, Romilda Correia, ressaltou a importância da organização do movimento feminino após a derrota do projeto bolsonarista nas eleições de 2022, mas ressaltou que ainda há muito a percorrer.
“Vencemos o projeto de morte que era representado pelo último governo, que impôs diversos retrocessos para as mulheres e para o povo, mas temos muito o que avançar. As mulheres, ainda hoje, recebem menos que o homem para fazer o mesmo trabalho e, por isso e outras questões, são as mais afetadas com a elevação dos preços dos alimentos. Cada vez que vamos ao mercado, nosso salário, já defasado, compra cada vez menos comida, deixando as mulheres e suas famílias expostas à fome”, disse Romilda.
Karina Sampaio, representando a Federação das Mulheres Paulistas (FMP), também enfatizou a importância desse novo ciclo político após a vitória da democracia nas urnas e afirmou que, para continuar avançando, o novo governo precisa atuar decisivamente para melhorar a vida das mulheres e do povo. “Esse 8 de Março, esse mês de março, é muito especial porque nós passamos por quatro anos de intensos retrocessos e ainda hoje estamos vivendo as consequências desse período. Nós sobrevivemos, lutamos, resistimos e conseguimos derrotar, nas eleições de 2022, esse projeto que deixou tantas sequelas. Para inaugurar uma política que garanta direitos dá muito trabalho, leva tempo. Mas o trabalho de destruição foi muito rápido. Em quatro anos, eles fizeram o trabalho de destruir muito do que o povo conquistou”, disse.
“A carestia impõe preços altíssimos nos mercados e o nosso dinheiro, o salário do povo, não dá conta de comprar as mesmas coisas de antes. Assim, é preciso uma ação efetiva do governo para controlar os preços, pelo menos daqueles produtos que são de necessidade básica. Não dá mais para a gente ter que viver nessa situação de não ter como comprar no mercado”, pontuou.
Karina afirmou também que, mesmo com a vitória nas eleições, o movimento social precisa continuar mobilizado para ajudar o novo governo a tomar as melhores decisões em favor do povo. “O 8 de Março não é um dia qualquer. As ações anunciadas pelo governo, a questão da igualdade salarial, é uma luta histórica do movimento de mulheres. Uma luta para, minimamente, receber o mesmo salário do homem quando ambos fazem o mesmo trabalho. Mas ainda é preciso que a gente continue fazendo pressão social. Ainda há muita luta. Derrotamos essa política e inauguramos agora no Brasil um período de reconstrução, mas que, para isso, não podemos deixar só nas mãos do novo governo. É através da pressão popular que os governos se movem, vão para lá ou vão para cá. Nesse governo, a nossa participação vai ser ainda mais importante porque vamos dizer o que precisamos”, completou.
CRESCIMENTO DO PAÍS
Lídia Correia, ex-vereadora de São Paulo, membro da direção nacional da União Brasileira de Mulheres (UBM) e ex-presidente da FMP, falou da relação da emancipação das mulheres com o crescimento do país. “Nós passamos por um período de muitas dificuldades, enfrentamos mais de dois anos de pandemia e um governo que era a marca do retrocesso. Com a derrota de Bolsonaro, passamos para um momento com esperança, um momento de oportunidades para avançar nas pautas específicas do bairro, da cidade, mas principalmente com a compreensão de que é fundamental que a gente consiga desenvolver o Brasil. O Brasil precisa voltar a ter cadeia produtiva, precisa investir na indústria, assim como já teve uma das indústrias mais avançadas no passado, quando crescíamos mais que a China. É nessa direção que precisamos apoiar e pressionar o nosso presidente Lula. Foi isso, inclusive, que ele pediu nos últimos dias”, disse.
O presidente do Sindicato dos Padeiro de São Paulo, Francisco Pereira, o Chiquinho, resgatou o período de retrocessos nas relações de trabalho com a “reforma” trabalhista, aprovada por Temer, em 2017, que retirou direitos dos trabalhadores e enfraqueceu as entidades sindicais ao acabar com o imposto sindical, e destacou como isso afeta diretamente o direito das mulheres.
Chiquinho reforçou a ação anunciada pelo presidente Lula no último 8, de garantir por lei que mulheres e homens recebam o mesmo salário para realizar o mesmo trabalho. “O projeto de lei que ele [presidente Lula] mandará para o Congresso Nacional determina, mais uma vez, a questão de que a mulher não pode ganhar menos do que o homem para exercer a mesma função. Então já no dia 8, no Dia Internacional da Mulher, nós fizemos uma publicação nas redes sociais que trata exatamente da questão, apoiando esse projeto. Mas o problema é muito mais complicado, a luta é muito mais complicada. Porque, além de fazer as leis, é preciso fazer-se cumprir a lei, e é onde está grande parte da dificuldade”.
O presidente do Sindicato dos Padeiros também falou dos difíceis momentos da pandemia e do serviço essencial prestado pelas trabalhadoras da saúde, que compõem a maior parcela desta categoria. “As profissionais de saúde simplesmente chegaram ao ponto de comprometer suas vidas para salvar as de outras pessoas. Então, é nesse contexto que as mulheres continuam sofrendo mais”, conclui.
A atividade de abertura contou ainda com a participação de José Carlos Lino Coelho, presidente da Associação dos Aposentados da Panificação, e de Eliamara Barros, advogada do Sindicato dos Padeiros.