Governador do Maranhão defendeu a instalação de uma CPI para apurar as “irresponsabilidades de vários agentes públicos que nos conduziram, infelizmente, a esse mau combate do coronavírus no nosso país”
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), defendeu a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso Nacional para investigar a atuação caótica e irresponsável do governo federal na pandemia, principalmente no caso das mortes por asfixia, pela falta de oxigênio nos hospitais de Manaus (AM).
Segundo o governador, permanecem “muitas críticas e alguns pontos de questionamento” do enfrentamento do governo federal ao coronavírus, o que justifica a abertura de uma CPI.
“Eu defendo que haja uma CPI, acho absolutamente necessário, em nome da transparência sobre todos os atos. Nós estamos em um quadro gravíssimo, dramático, em vários estados”, disse o governador em entrevista à CNN.
“Creio que um inquérito parlamentar é muito bem-vindo”, enfatizou.
O governador alertou que a investigação não pode buscar apenas os erros de Eduardo Pazuello, ministro da Saúde, porque isso pode acabar por aliviar “opções erradas que estão em um nível mais alto de governo. Mesmo o atraso na vacinação nós sabemos que teve uma opção direta do presidente da República”.
“Onde temos margem de diálogo e de atuação conjunta, fazemos, e temos feito desde o ano passado. Agora, não podemos abrir mão das apurações quanto às irresponsabilidades de vários agentes públicos que nos conduziram, infelizmente, a esse mau combate do coronavírus no nosso país”, continuou.
GOVERNADORES
O governador maranhense avaliou como positiva a cobrança dos governadores na reunião realizada esta semana com o ministro Eduardo Pazuello.
Na avaliação de Flávio Dino, diante das pressões dos executivos estaduais, foi importante o Ministério da Saúde ter apresentado um cronograma nacional de vacinação. “É um passo positivo que serve de uma referência de cobrança e de planejamento”, frisou.
“Antes havia trevas absolutas, hoje nós temos uma referência pelo menos para cobrar e nos planejar”, comentou o governador.
“Vamos, agora, acompanhar para que haja a execução desse plano nacional que é essencial para o nosso país”, disse Dino depois da reunião.
“Nós seremos os primeiros a afirmar caso já nas próximas semanas não haja a confirmação dessa entrega prevista para o mês de fevereiro. Se houver as entregas, creio que teremos um plano nacional de imunização que possa ser levado como algo sério, realmente organizado”, estimou o governador do Maranhão.
O governador informou que representantes do Instituto Butantan e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) participaram da reunião e referendaram os números apresentados por Pazuello sobre a entrega das vacinas.
“Agora temos um compromisso do Ministério da Saúde, que foi validado pelo Butantan e pela Fiocruz, no sentido de haver o fornecimento das doses de vacina até o final do ano, 454 milhões de doses abrangendo também outros fornecedores”, celebrou Dino.
Para ele, o país precisa correr atrás de outras vacinas que não as desenvolvidas pelos dois institutos, mas deve se basear nelas para ter “soberania vacinal e autonomia científica e tecnológica sobre as vacinas”.
O governador disse que apoia a medida aprovada pelo Congresso Nacional, para aprovar automaticamente o uso emergencial de imunizantes chancelados por agências reguladoras de outros países, como os da União Européia e dos Estados Unidos.
“Se você tem agências reguladoras de outros países que estão confirmando a segurança dessas vacinas e elas estão sendo aplicadas, nós não podemos nos aplicar a certos rigores, supostamente formais, que acabem embaraçando a execução do principal, que é a vacinação, claro que com eficácia e segurança”, opinou Flávio Dino, numa crítica à atuação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
PEDRO BIANCO