No lugar, a CPI vai ouvir o representante da Conitec, Carlos Carvalho, médico pneumologista
O presidente da CPI da Covid-19, senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, é um “Pazuello de bata”, que só diz “sim, senhor” e “não, senhor” ao presidente da República, Jair Bolsonaro.
Ainda segundo Aziz, a CPI não pode acabar sem ouvir também representantes da Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias), para saber por qual motivo o colegiado não deu parecer sobre o uso do chamado “tratamento precoce”. A comissão adiou a reunião em que tiraria uma posição sobre o “kit Covid” sem uma justificativa plausível.
O médico pneumologista é crítico da cloroquina e foi nomeado pelo ministro da Saúde para chefiar protocolos de Covid-19 no País. Defensor da ciência, Carvalho é signatário de carta da USP que pediu mais restrições no País.
Na “carta”, publicada na revista Nature Medicine, em 21 de junho, as professoras-pesquisadoras da USP Lorena Barberia, Silvia Figueiredo Costa e Ester Sabino orientaram o que o Brasil precisava fazer para controlar a pandemia.
Na reunião desta terça-feira (12) a CPI desistiu de reconvocar o ministro da Saúde e convocar a Conitec.
SEM PODER DE DECISÃO
Sobre Queiroga, Aziz afirmou que o ministro da Saúde não teria poder de decisão e apenas obedece ao presidente da República, assim como fazia o ex-ministro Eduardo Pazuello, que deixou o cargo para a entrada do médico cardiologista.
“O Queiroga eu já disse: ele é um Pazuello de bata branca. Pazuello veste a farda e ele tem uma bata. Ele diz para presidente: “Não, senhor”, “Sim, senhor”. Um manda e o outro obedece”, completou, dizendo que não espera que o ministro da Saúde mude a posição dele.
Na próxima semana, a CPI vai ter jornada exaustiva. Em princípio, na próxima segunda-feira (18), o colegiado vai ouvir o médico pneumologista Carlos Carvalho. Na terça (19), Renan deve ler o relatório. E na quarta (20), o texto deve ser votado e aprovado. Depois, têm todos os desdobramentos disso.
Assim, caso seja convidado alguém da Conitec para oitiva na CPI, esse calendário da reta final da comissão pode sofrer pequena alteração.
CONITEC NA AGENDA
“A CPI não pode fechar sem ouvir a Conitec”, disse Aziz em entrevista à CNN Brasil.
Segundo ele, após o ministro Marcelo Queiroga repetir na CPI que não daria sua posição sobre o chamado “Kit Covid” sem ouvir a Conitec, a comissão adiou repetidamente sua definição.
Estudos científicos por todo o mundo indicam que o tratamento não tem nenhuma eficácia no combate à doença.
“Passaram-se alguns meses. A Conitec tem o dever, a obrigação, e não a omissão, de dar o parecer sobre esses medicamentos que não estão comprovados cientificamente. Veja o que está acontecendo com a Prevent Senior, com outras instituições que utilizaram esse medicamento”, criticou Aziz.
“O governo federal, e não só o governo, mas a Conitec, são responsáveis por dar esse parecer. E quando o doutor Carlos Carvalho foi convidado para fazer uma análise e estava com esse relatório pronto, e do nada, com uma explicação mais esdrúxula [adiou a reunião]”, questionou o presidente da CPI.
E acrescentou: “[Dizendo que] apareceu um estudo não sei aonde. Só se for na lua, pois se você conversar com qualquer pessoa há vários meses o pensamento é o mesmo em relação ao tratamento precoce: é um engodo, uma mentira, uma enganação”.
M. V.