O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, Omar Aziz (PSD-AM), informou que os membros não vão entrar em recesso parlamentar e vão ficar até agosto analisando os documentos e provas apresentadas à Comissão.
“A CPI não vai parar”, disse.
Os depoimentos estão suspensos, “mas hoje mesmo temos reunião com Renan [Calheiros, relator] e Randolfe [Rodrigues, vice-presidente da CPI] para montar um cronograma de trabalho. Vamos pedir ajuda de um delegado e agentes da PF para analisar documentos recebidos”.
Omar Aziz disse que a CPI deve investigar se Jair Bolsonaro cometeu ou não o crime de prevaricação por ter sido alertado de que havia um esquema de corrupção na compra da vacina Covaxin e não ter passado a informação para a Polícia Federal.
“Temos aí um vasto caminho a percorrer na investigação”, comentou Aziz.
O deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo Bolsonaro, está pedindo para depor e tentar limpar a sua barra, depois de ter sido citado como organizador do esquema.
“O deputado Ricardo Barros pode passar 50 horas falando na CPI e não vai convencer ninguém. Quem tem que desfazer isso é o presidente, que até agora não fez”, disse Aziz.
Segundo o relato dos irmãos Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, e Luis Miranda (DEM-DF), deputado federal, Jair Bolsonaro chegou a comentar, no encontro que tiveram no Palácio do Planalto, que o esquema corrupto era “coisa do Ricardo barros” depois de saber que a empresa Precisa Medicamentos, irmã da Global Saúde, estava envolvida.
Quando era ministro da Saúde, Ricardo Barros permitiu com que a Global recebesse R$ 20 milhões por medicamentos que nunca entregou.
Até agora, Jair Bolsonaro confirmou que se reuniu com os irmãos Miranda e não desmentiu que as provas do esquema corrupto foram apresentadas.
“Por que a PF não investigou, a CGU [Controladoria-Geral da União] não investigou. Quem não deve não teme. Não fez. Sabe por quê? Porque Luiz Miranda está falando a verdade”, disse Aziz.
AZIZ SUGERE DEMISSÃO DE ELCIO FRANCO
O ex-secretário executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco, foi citado em diversos crimes que estão sendo investigados pela CPI da Pandemia. Ele saiu do Ministério quando da saída de Eduardo Pazuello, mas agora está como assessor da Casa Civil do governo Bolsonaro.
“Não podemos generalizar, mas não podemos fazer de conta que não está acontecendo nada. Elcio Franco ainda está no governo, está lá do gabinete do presidente”, comentou Omar Aziz.
Para o Aziz, depois das denúncias feitas contra Elcio Franco, ele não poderia “estar na antessala do presidente mais. Você não pode passar a mão na cabeça de quem negociou a vacina fantasma e ainda com indício forte de que pediram propina”, disse.
Elcio Franco participou da negociação com a Davati Medical Supply, na qual foi pedido uma propina de US$ 1 por cada dose que fosse contratada. A negociação era de 400 milhões de doses.
Na avaliação dos membros da CPI da Pandemia, a Davati estava tentando dar um golpe no Ministério da Saúde, mas mesmo assim os membros do governo Bolsonaro pediram propina.