O ex-ministro Ciro Gomes afirmou que “os bancos obrigaram o PT a beijar a cruz” na eleição de 2002, quando na campanha que elegeu Lula o partido divulgou documento destinado a acalmar os banqueiros. “Eu não vou beijar. ”, disse.
O ex-governador Ciro Gomes, pré-candidato do PDT à presidência em 2018, afirmou que “os bancos obrigaram o PT a beijar a cruz” na eleição de 2002, quando na campanha que elegeu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva o partido lançou a famosa Carta ao Povo Brasileiro, documento destinado a acalmar o mercado financeiro. “Eu não vou beijar. Se não der, vou ficar assistindo de fora”, disse.
“Em 2002, foi escrita a Carta ao Povo Brasileiro, por Luís Gushiken e Antonio Palocci. Depois conversei muito com o Lula sobre isso. Ali houve um beija-cruz, mesmo. E a política econômica do Lula foi criptoconservadora”, avaliou, em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”.
Para Ciro Gomes, que foi ministro da Fazenda de Itamar Franco, a política econômica do governo Lula “foi rigorosamente a mesma que a do Fernando Henrique”, a quem o petista sucedeu. “Câmbio flutuante, hostil à indústria – tanto que a desindustrialização continuou sob o Lula –, superávit primário, que foram os maiores do mundo. E a dívida só cresceu. E meta de inflação, inclusive reduzida”, comentou.
Ele destacou que por um período o governo do petista desenvolveu uma “política importante de melhoria do salário mínimo”, mas depois “parou e desregulou pro futuro”. “Ou seja, tudo o que é estrutural, o Lula beijou a cruz conservadora”, acrescentou.
“O salário mínimo subiu de valor, até o limite em que ele congelou. O crédito subiu, mas ele não institucionalizou nada disso. E a rede de proteção social é política social compensatória. Num país de miséria de massa, de fome de verdade, isso não é trivial, é muito importante. Mas também nada disso foi institucionalizado, e nem é o futuro de uma nação como a nossa”, criticou o ex-governador do Ceará.
Na segunda-feira (16), em palestra a estudantes da Faculdade de Economia e Administração da USP, Ciro falou sobre seu “antagonismo com o rentismo” e sobre a disposição em trazer os “juros para um padrão menor”. Também defendeu a implantação de “um ciclo de reindustrialização” estimulada para recuperar a economia do país.
Segundo o pedetista, sua agenda “converge iniciativa privada e Estado saneado”, oferecendo crédito e renúncia fiscal a setores que considera estratégicos, como agronegócio, saúde, defesa e indústria de óleo e gás.