![](https://horadopovo.com.br/wp-content/uploads/2024/01/Barroso_democracia-Reproducao.jpg)
“Falsos patriotas” e “falsos religiosos”, acusou o presidente da Suprema Corte
O presidente Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ao se pronunciar no evento realizado pela Suprema Corte neste 8 de janeiro, antes do ato realizado com os demais poderes da República no recinto do Congresso Nacional, testemunhou sua percepção do que aconteceu naquele fatídico dia.
Disse ele:
“Em meio a tudo o que vi e ouvi, poucas coisas me impressionaram mais do que o relato de um dos nossos bravos policiais judiciais, que enfrentaram com destemor e em grande desvantagem numérica a horda de bárbaros invasores. Narrou-me ele que, após arremessarem objetos, dar marretadas nas paredes e atearem fogo aos tapetes, ajoelhavam-se no chão e rezavam fervorosamente”.
E continuou:
“Onde, Deus do céu, se pode imaginar essa implausível mistura de ódio e religiosidade, incapaz de distinguir o bem do mal. Nenhuma gota de apreço ao próximo, como pregam as escrituras. Falsos patriotas que não respeitam os símbolos da Pátria. Falsos religiosos que não cultivam o bem, a paz e o amor. Desmoralizaram Deus e a bandeira nacional”.
Na sequência, disse:
“O que assistimos aqui foi a mais profunda e desoladora derrota do espírito. Numa espécie de alucinação coletiva, milhares de pessoas, aparentemente comuns, insufladas por falsidades, teorias conspiratórias, sentimentos antidemocráticos e rancor foram transformadas em criminosos, aprendizes de terroristas”.
Foi mais longe em sua análise:
“Estão sendo todos processados, na forma da lei, pelos crimes que cometeram: tentativa de golpe de Estado, de abolição violenta do Estado democrático de direito e a depredação do patrimônio público, entre outros delitos. Nenhum juiz fica feliz ao condenar uma pessoa. Mas o direito penal tem como uma de suas funções principais a ideia de prevenção geral. Pune-se para desestimular as pessoas de delinquirem. Tratar com condescendência o que aconteceu é dar um incentivo para que os derrotados da próxima eleição, sejam quem forem, também se sintam no direito de depredar os prédios das instituições públicas. Estamos aqui para evitar que isso aconteça de novo”.
E concluiu:
“Na vida brasileira, já conhecemos o “caminho maldito” da ditadura, na expressão de Ulysses Guimarães. E no 8 de janeiro constatamos as consequências dramáticas da incivilidade, dos discursos de ódio e da desinformação. Hora de fazer diferente e retomarmos os ideais iluministas e civilizatórios da Constituição de 1988”.