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O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, defendeu o diálogo para a questão da reoneração da folha de pagamentos em reunião nesta terça-feira (9), com o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, e com representantes das centrais sindicais para conversar
sobre a Medida Provisória (MP) 1202, que trata da reoneração gradual da folha de pagamento para diferentes setores da economia.
No fim do ano passado, o governo editou a MP da Reoneração, que estabelece a reoneração gradual da folha de pagamento a 17 setores da economia hoje beneficiados pela desoneração. Com isso, esses setores voltam a pagar alíquota total na contribuição patronal à Previdência a partir de 2028. O Congresso havia aprovado a prorrogação da desoneração por mais quatro anos, até 2027, mas o texto foi vetado pelo presidente Lula, que apontou inconstitucionalidade. Em seguida, os deputados da oposição derrubaram o veto presidencial. O governo anunciou que vai ingressar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a constitucionalidade da medida.
Leia: Governo vai ao STF contra desoneração da folha
As isenções foram dadas ainda no governo Dilma Rousseff. Além do prejuízo às contas da Previdência Social, há também um grande questionamento sobre desonerações amplas deste tipo e que não apresentam nenhuma contrapartida com exigências de criação de empregos.
Marinho defendeu o diálogo, mas destacou que “os benefícios eventuais, imaginados com a desoneração na geração de empregos, não se constatam quando se avalia a geração de emprego”. Segundo o ministro, “para o governo o tema ‘desoneração’ está inadequado, é preciso um ajuste, uma correção de rumo”, mas “tem que conversar. Não foi conversado antes, vamos conversar. O importante é conversar para encontrar um encaminhamento”, defendeu.
Ele informou que foi acordado que as equipes técnicas vão aprimorar os dados sobre a desoneração da folha. Ainda ressaltou que apesar de o país ter tido um salto no emprego, há a preocupação com o alto índice de rotatividade (20 milhões de trabalhadores).
“Precisamos olhar para o Brasil, para o mercado de trabalho, para a garantia do emprego, e nossa preocupação é lá na ponta com os trabalhadores e as trabalhadoras”, destacou o ministro durante coletiva após o fim da reunião.
Também nessa linha, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sérgio Nobrega, disse que as conversas com o governo vão continuar para encontrar um consenso, e que a prioridade da CUT é o emprego. “Uma proposta de consenso. Esse é o caminho razoável que tranquiliza os
trabalhadores, e é essa mensagem que a gente quer passar. Na nossa história, sempre que a gente sentou para negociar, a gente buscou uma solução inovadora e eficaz para sair desse impasse que nós estamos vivendo hoje”.
Também nesta terça-feira, em reunião com líderes partidários, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse que deve decidir ainda em janeiro sobre a tramitação da MP e que buscará uma “solução de arrecadação sustentável” em diálogo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“Pretendemos tomar essa decisão ainda no recesso, até porque é muito importante ter estabilidade jurídica […]. Não tomarei uma decisão de devolução integral ou parcial sem conversar com o ministro Fernando Haddad. É muito importante haver esse diálogo entre o Legislativo e o Executivo”, ressaltou Pacheco.
Participam também da reunião o secretário de Política Econômica da Fazenda, Guilherme Mello, Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Antônio Fernandes dos Santos Neto, presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB); Miguel Eduardo Torres, presidente da Força Sindical; Artur Bueno de Camargo, dirigente da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST); Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT) e Adriana Marcolino, do Dieese.