Aliança dos tucanos de São Paulo com os chineses para desenvolver a vacina contra a Covid-19 mostrou compromisso e despertou o ódio do presidente. Povo reconheceu o esforço e Covas lidera as pesquisas, ganhando em todas as simulações de segundo turno
As pesquisas do Ibope e Datafolha, divulgadas no sábado (14), são claras em demonstrar que os candidatos apoiados por Jair Bolsonaro foram rejeitados na maioria das capitais.
O desprezo do presidente com a luta contra a Covid-19, o desdém com as mais de 165 mil mortes, o escárnio de chamar as pessoas que temem o vírus de “maricas” e a sabotagem ao esforço do governo de São Paulo, que se empenha em oferecer o mais breve possível uma vacina para a população, derrubaram os bolsonaristas.
BRUNO COVAS LIDERA EM SÃO PAULO
Em São Paulo, principal capital do país, o candidato Bruno Covas (PSDB), que lidera as pesquisas, foi o principal alvo dos ataques do governo federal e dos bolsonaristas. Não houve acerto em tudo o que o tucano fez, mas a população percebeu que, enquanto Bolsonaro atacava o uso de máscaras, promovia aglomerações e insistia em remédios sem eficácia comprovada, Bruno e o governador do estado se esforçavam diariamente no combate à pandemia.
Mas, o que mais irritou Bolsonaro e a direita anticientífica é que o prefeito da capital e o governador de São Paulo tomaram a medida mais importante e decisiva para acabar de vez com a pandemia do coronavírus. Bruno e Dória jogaram todos os seus esforços na busca de uma vacina contra a Covid-19.
Uniram a experiência exitosa do centenário Instituto Butantan com a expertise da empresa chinesa Sinovac para criar a vacina. Desse esforço surgiu a CoronaVac, a vacina mais segura até agora testada no Brasil. E mais, ela vem mostrando também grande potencial de criar uma forte defesa na população e acabar definitivamente com a pandemia. Isso deu grandes esperanças à população.
BOLSONARO FICOU COM ÓDIO DOS TUCANOS
Mas, Bolsonaro, ao contrário da população, ficou com ódio e atacou de frente a CoronaVac e os tucanos. Ele combateu de todas as formas o governador de São Paulo e o prefeito da capital. Bolsonaro elegeu os dois como seus inimigos principais.
O presidente desautorizou o seu próprio ministro da Saúde, proibindo-o de apoiar São Paulo e afirmou que não vai comprar de jeito nenhum a vacina paulista. Essa atitude absurda causou perplexidade em toda a população.
Bolsonaro usou até órgãos de governo para atrasar a importação dos insumos da CoronaVac. Foi obrigado a recuar diante das denúncias feitas por autoridades de São Paulo. Acabaram tendo que suspender a sabotagem e permitiram o desembarque dos produtos.
Inconformado, o presidente da República abriu uma campanha histérica de ataques contra a CoronaVac e contra o governo de São Paulo. Estimulou sua milícia digital a ligar suas baterias e chegou a dizer, sem nenhuma prova, que a vacina produziria “morte e invalidez”.
BOLSONARO TENTOU PARAR OS TESTES COM A CORONAVAC
Bolsonaro ainda foi capaz até mesmo de tentar paralisar à força os testes com a vacina do Butantan no Brasil.
Ele mandou o seu apaniguado, o diretor presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antonio Barra Torres, suspender os testes com a vacina. Tomou essa atitude arbitrária desrespeitando a posição contrária do Instituto Butantan. Coisa que ele não tinha feito com a empresa inglesa AstraZeneca e nem com a americana Janssen.
Era óbvio que o suicídio de um dos dez mil participantes da pesquisa não se constituía em motivo para a interrupção dos trabalhos. Mas, Bolsonaro, de forma arbitrária, mandou, e Antônio Barra, um funcionário nomeado por ele e que demonstrou não ter nenhum escrúpulo, obedeceu.
Barra, inclusive, já tinha participado de aglomerações sem máscara, junto com Bolsonaro, em atos contra a democracia na esplanada. Assim que o interventor do Planalto na Anvisa cumpriu a ordem e suspendeu as pesquisas, Bolsonaro comemorou nas redes sociais como sendo uma “vitória” dele.
O resultado dessa insanidade do presidente aumentou a rejeição ao seu governo e derrubou seus candidatos em praticamente todas as capitais.
EM SÃO PAULO RUSSOMANNO DERRETEU
Em São Paulo, Celso Russomanno (Republicanos) derreteu assim que a população tomou conhecimento de que Bolsonaro o apoiava para a prefeitura.
Bruno Covas, o mais atacado por Bolsonaro, e quem efetivamente vem enfrentando a pandemia, inclusive com os investimentos na vacina, foi reconhecido pela população e assumiu a liderança, vencendo todos os candidatos nas simulações de segundo turno.
ORLANDO: BOLSONARO É O RESPONSÁVEL PELA TRAGÉDIA
Como disse o candidato do PCdoB, Orlando Silva, no último debate da TV Cultura, rebatendo seus colegas, Guilherme Boulos (Psol) e Márcio França (PSB), “é Bolsonaro, e não outro, o principal responsável pela tragédia em que se transformou a pandemia no Brasil e pelo genocídio que nós assistimos em nosso país”.
Candidatos bolsonaristas também se esvaziaram em outras capitais do país. Candidatos como Marcelo Crivella (Republicanos) no Rio, que é apoiado por Bolsonaro, e que seguiu as opiniões e orientações doentias, retrógradas e insanas do presidente, está recebendo o justo repúdio da população. Aparece em segundo lugar, caminhando para o terceiro, 25 pontos percentuais abaixo de Eduardo Paes.
CRIVELLA TAMBÉM IMITOU BOLSONARO E AFUNDOU
Crivella não só imitou Bolsonaro em suas loucuras como também deixou a população desprotegida, não se empenhou no combate à pandemia, quis abrir logo tudo sem nenhum cuidado. Repetia os absurdos defendidos por Bolsonaro. O resultado é que ele corre o risco de nem ir para o segundo turno das eleições do Rio de Janeiro.
Um outro exemplo é a cidade de Belo Horizonte. Mesmo com muitos problemas, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) se empenhou como pode para resolver os problemas causados pela pandemia. Chegou até a manifestar uma certa tristeza por não estar conseguindo fazer o que gostaria.
Apesar da demora do governo federal em liberar os recursos para equipar os hospitais, muito esforço foi feito por ele e pela prefeitura de BH para não deixar a população da capital na mão.
Enquanto ele fazia todo esse esforço, Bolsonaro retinha dinheiro, atacava o uso de máscara, dizia que a Covid-19 era uma gripezinha, recomendava a população a não tomar a vacina, etc, etc. Agora, esse empenho do prefeito e a sua seriedade na luta contra a Covid-19 está levando a população de BH a reconhecer o papel de Kalil.
MINEIROS RECONHECERAM ESFORÇOS DE KALIL NO COMBATE À COVID-19
O atual prefeito lidera com folga as pesquisas eleitorais, e o candidato de Bolsonaro, Bruno Engler (PRTB), amarga um terceiro lugar, muito distante do líder.
Em suma. Bolsonaro desdenhou a pandemia. Abandonou a população à própria sorte e está colhendo agora os frutos amargos de todo esse descaso. Ele está sendo literalmente repudiado pelas urnas.
Governantes que se esforçaram para defender sua população, estão obtendo o reconhecimento popular por isso. Quem, como Bruno Covas e Doria se esforçaram ainda mais e conseguiram até atrair os chineses, que tão bem enfrentaram a pandemia, estão também recebendo esse reconhecimento.
Foram os chineses que abriram para o mundo o sequenciamento genético do novo vírus e permitiram a produção de vacinas. Uma aliança com eles, como Dória e Covas estão fazendo, é fundamental para o Brasil. Não é à toa que Bolsonaro está com tanto ódio dos dois.
“É A PANDEMIA, ESTÚPIDO”
Nestas eleições, o slogan do povo está sendo “É a pandemia, estúpido”, numa alusão ao slogan que deu a vitória a Bill Clinton em 1992. O povo não estava satisfeito com a economia. Eles criaram o slogan que ficou famoso: “É a economia, estúpido”.
George Bush, que foi derrotado, não tinha percebido que o problema do povo era esse. Como agora, Bolsonaro não percebe que o grande problema que o está derrotando nas urnas é o seu desprezo pela saúde e a segurança da população diante de uma ameaça que coloca a vida das pessoas em risco.
O slogan, que adornava o Q.G. de campanha de Clinton, captou o espírito do tempo. Resumia o fator decisivo para a vitória de Clinton sobre George Bush pai naquele ano – os eleitores estavam mais preocupados com a crise econômica que com o triunfo de Bush na Guerra do Golfo. Bolsonaro não entendeu nada e continua chamando a população que teme o vírus de “maricas”.
SÉRGIO CRUZ