A média móvel diária de mortes causadas por Covid-19 no Brasil chegou a marca de 2.003 na terça-feira (22), Com o resultado, o Brasil ultrapassa a Índia, que registrou 1.584, alcançando o primeiro lugar no ranking de países com mais mortes diárias causadas pela doença.
O país asiático passou a liderar o ranking em 26 de abril, depois de ultrapassar o Brasil, que esteve no topo desde 9 de março, data em que superou os Estados Unidos. O país norte-americano começou a registrar queda considerável de vítimas quando avançou com a vacinação. Para comparação, no mesmo domingo, a média móvel de óbitos nos Estados Unidos foi de 281.
Nesta quarta-feira, o Brasil registrou mais 2.392 óbitos em decorrência da Covid-19. Totalizando 507.109 mortes, segundo o Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). O país ocupa a segunda colocação em número de mortes no mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos que possui 602 vidas perdidas.
Atualmente, o Brasil registra 23% das mortes diárias por Covid-19 no mundo. Especialistas alertam para o risco de agravamento da pandemia no país.
O Brasil e a Índia foram amplamente afetados por mutações do Sars-CoV-2. Na Índia, a variante Delta é predominante. Médicos do país observaram o aumento de deficiência auditiva, distúrbios gástricos sérios, fungo negro e coágulos em pacientes infectados pela Delta. Isso sugere que a cepa seja mais infecciosa e mais grave.
Já o Brasil conta não somente com a cepa identificada inicialmente em Manaus, conhecida como variante Gama, mas tornou-se um laboratório de novas mutações do vírus. Um estudo feito em Feira de Santana (BA) mostra que a Gama se dissemina muito rapidamente. A linhagem, segundo os pesquisadores, é até 2,4 vezes mais transmissível do que outras que circulam no país.
Inverno pode agravar situação, diz Fiocruz
Em seu boletim mais recente sobre a pandemia, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) afirmou que 18 Estados e o Distrito Federal estão com taxas de ocupação de UTIs acima de 80%, nível considerado crítico pela instituição. Oito deles estão acima de 90%.
Para a Fiocruz, o início do inverno no hemisfério Sul tende a agravar a situação do país, dado o comportamento sazonal de doenças respiratórias graves. Ou seja, mais pessoas em lugares fechados e condições climáticas que favorecem o espalhamento do coronavírus.
“O sistema de saúde ainda apresenta grande sobrecarga para o cuidado de alta complexidade à Covid-19, estando sob risco de não ter capacidade de responder a eventuais aumentos na demanda por cuidados”, informou a instituição.
A idade média dos pacientes que morrem por casos confirmados de Covid-19 tem caído. No início da pandemia, era de 62 anos. Atualmente, gira em torno de 52 anos.
A Fiocruz lembra que essa mudança está relacionada, entre outros motivos, ao avanço da vacinação nas faixas etárias mais velhas, mas o nível de vacinação completo da população inteira ainda é muito baixo: 11,7%. Esse patamar está bem distante do patamar estimado para controlar a transmissão do vírus, de 75%.
A instituição ressalta que, para além da vacinação dos mais velhos, os números absolutos de internação e morte dos mais jovens têm crescido ao redor do país.
“Possivelmente o cenário atual de rejuvenescimento prosseguirá e poderá perpetuar um cenário obscuro de óbitos altos até que este grupo etário esteja devidamente coberto pela vacina.”
A proporção de mortes por Covid daqueles acima de 90 anos caiu 70%. Por outro lado, cresceu 189% entre pessoas de 20 a 29 anos.