Detentos do Centro de Recuperação Regional de Altamira, no sudoeste do Pará, fizeram uma rebelião na manhã desta segunda-feira (29). De acordo com o superintendente do Sistema Penal, Jarbas Vasconcelos, até o momento, 55 detentos foram mortos, sendo 16 deles decapitados e o restante asfixiado, durante confronto entre as organizações criminosas Comando Vermelho (CV) e Comando Classe. Dois agentes penitenciários, mantidos reféns dos presos, foram liberados após negociações.
No momento da ação, havia no centro de recuperação 309 internos para uma capacidade total de 208 detentos, segundo a Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do Pará (Susipe).
A rebelião teria começado por volta das 5hs da manhã. Presos divulgaram em grupos nas redes sociais terem matado “Sandro do Rebojo”, que seria líder do CV no município.
Segundo o superintendente extraordinário para assuntos penitenciários, Jarbas Vasconcelos, o presídio foi palco de “uma guerra entre facções criminosas”.
“Tratou-se de uma guerra de facções. Em Altamira, há uma facção local chamada Comando Classe A (CCA) e que divide o presídio com integrantes do Comando Vermelho, e que foram essas vítimas desse ato praticado pelos integrantes da organização criminosa CCA”, explicou o secretário. O CCA havia recentemente se aliado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), que disputa com o Comando Vermelho (CV) a liderança dos presídios no Brasil.
“O Comando Classe A rompeu o seu pavilhão e rompeu o pavilhão do Comando Vermelho. Foi um ataque de certa forma rápido, dirigido a exterminar os integrantes rivais”… “Eles [integrantes do CCA] entraram, colocaram fogo, mataram e pararam o ataque. Foi um ataque dirigido, localizado,” disse Vasconcelos.
Vasconcelos explicou que a matança foi realizada em um contêiner (feito de material inflamável) que estava sendo usado pelo Centro de Recuperação há algum tempo para abrigar presos. Questionado se o presídio estava com superlotação de presos, o superintendente afirmou que “lá havia 311 presos e não se pode dizer existir superlotação”.
“Não há superlotação carcerária na unidade, mas estamos aguardando a entrega de uma nova prisão pela Norte Energia, que deve ficar pronta até dezembro. Os containeres não são improvisados, existem há algum tempo, mas com a entrega do novo complexo como compensação ambiental da empresa, teremos capacidade para 306 internos e ainda uma unidade feminina. Esperamos, assim, ter um espaço mais seguro e moderno na região da Transamazônica”, disse Jarbas Vasconcelos.
O superintendente disse ainda, que um gabinete de emergência será montado em Altamira para acompanhar a situação. Esta é maior matança em presídios do Pará e também uma das maiores já ocorridas no país na briga por poder entre facções.
No meio da tarde, a policia realizou uma vistoria no presídio para fazer a recontagem de presos, no pátio, e busca de objetos que podem ter servido como armas nas decapitações. Segundo a Susipe em nota, foram encontrados apenas “estoques”, que são facas artesanais, e nenhuma arma de fogo.
Os policiais também verificam os danos provocados no prédio e celas. A Susipe diz que os detentos teriam ateado fogo em objetos como colchões, e que a inalação de fumaça poderia ter provocado à morte de parte dos detentos.
COMPAJ
No ano passado, sete presos foram mortos e três ficaram feridos na mesma unidade prisional em motim ocorrido durante a madrugada após uma tentativa de fuga frustrada.
Em 26 de maio deste ano, 15 detentos foram mortos em Manaus, no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), a mesma unidade onde em 2017 aconteceu um massacre com 56 mortos. No dia seguinte, o governo do Amazonas afirmou ter localizado mais 40 corpos de detentos com sinais de asfixia em quatro presídios da cidade, totalizando 55 mortes.
Massacres como em presídios tem virado rotina no País. Em Roraima, no início deste ano, o Ceará uma onda de violência ordenada por criminosos presos em penitenciárias do Estado, levou ao envio da Força Nacional de Segurança Pública ao Estado.
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