O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), autorizou nesta quinta-feira (17) a retomada das aulas presenciais para alunos do ensino superior a partir do dia 7 de outubro. Nos ensinos infantil, fundamental e médio, a reabertura foi liberada apenas para atividades de reforço na mesma data.
A decisão vale para o ensino público e privado na cidade.
A retomada das aulas regulares para estudantes de 0 a 17 anos deverá ser definida em novembro.
“Não tem mais sentido, com os dados que nós temos, continuar a proibir o ensino superior na cidade de São Paulo. E em relação aos alunos de 0 a 17 anos, de responsabilidade do município, estado e rede privada, vamos liberar a partir de 7 de outubro as atividades extracurriculares”, disse Covas durante coletiva de imprensa nesta quinta (17).
A definição sobre a retomada das aulas regulares para esses alunos, entretanto, só deve ser definida em novembro.
“Vamos continuar a realizar os inquéritos tanto de adultos quanto de crianças para poder avaliar e manter essa mesma linha ou de ter outra posição a partir de 3 de novembro”, complementou o prefeito.
Segundo o secretário municipal de Educação, Bruno Caetano, embora ainda sem data, o retorno deverá priorizar alunos dos anos finais.
“Iniciaremos, quando pudermos retornar presencialmente, pelo terceiro ano Ensino Fundamental, pelo sexto ano do Ensino Fundamental, pelo nono ano do Ensino Fundamental e pelo terceiro ano do Ensino Médio. Há uma razão pedagógica para isso. No ano seguinte, esses alunos estarão mudando de ciclo, tornando a recuperação das aprendizagens mais difíceis”, disse Caetano.
O cronograma do ano letivo também segue sem definições. Caetano alegou ser “prematuro” pensar em suspender as férias de verão para que o conteúdo de 2020 possa ser recuperado. A gestão municipal prevê aplicar uma prova após a reabertura das escolas para mapear os impactos no ensino.
“Ainda não dá para falar disso, é prematuro, qualquer questão levantada agora seria não embasada tecnicamente, mas nós vamos, sim, lançar mão de todas as estratégias possíveis para dar tranquilidade aos pais, estudantes e professores de que nós recuperaremos toda a aprendizagem”, afirmou o secretário.
INQUÉRITO
A coletiva virtual da gestão municipal também divulgou dados da nova etapa do inquérito sorológico feito em alunos da rede pública e privada.
De acordo com o levantamento, mais de 244 mil alunos das redes pública e privada já tiveram contato com o vírus da Covid-19 na capital paulista e 66% são assintomáticos. A terceira fase do inquérito sorológico entre crianças e adolescentes aponta que 16,5% dos alunos possuem anticorpos do novo coronavírus.
Pelo cronograma de reabertura do governo estadual, a retomada das aulas presenciais está prevista para o dia 7 de outubro, desde que 80% da população do estado esteja na fase amarela do plano de flexibilização econômica há 28 dias.
Também presente na coletiva, o secretário estadual de Educação, Rossieli Soares, que defendeu a oferta de atividade de reforço e disse ter recebido retorno positivo nos locais em que a medida já foi implementada.
“Abrir as escolas para as atividades extracurriculares tem sido um passo importante nas cidades que já iniciaram. Temos bom exemplo, aprendizado. São atividades opcionais. É opcional ir para escola. Não é obrigatório escola abrir, não é obrigatório para o professor nem para a família. Essa é uma experiência importante durante o mês de outubro para que a gente continue avaliando e avançando com a saúde em primeiro lugar”, afirmou o secretário estadual de Educação, Rossieli Soares, também presente na coletiva.
No estado, as escolas foram autorizadas a reabrir para aulas extra-curriculares, acolhimento e educação física no dia 8 de setembro. Apesar da liberação do governo estadual, as prefeituras têm autonomia para decidir quando e se irão reabrir.
Na capital, Bruno Covas vetou a reabertura na data após resultado do inquérito sorológico realizado em agosto em crianças e adolescentes apontar que 64% dos infectados desse público foram assintomáticos.
Na semana passada, Covas e o secretário municipal de Educação, Bruno Caetano, visitaram uma escola na Zona Leste da cidade para acompanhar a instalação dos protocolos e medidas de segurança preparatórios para a reabertura.
PESQUISA
Pesquisa da Rede Nossa São Paulo divulgada na quinta-feira (10) apontou que 81% dos moradores da capital paulista são contrários ao retorno das aulas presenciais na cidade.
Nesta quarta (16), o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de São Paulo divulgou uma nota pública dizendo que acha precipitado o retorno às atividades presenciais nas escolas tendo em vista os dados atuais sobre a Covid-19 e os riscos à saúde dos alunos e educadores.
Os sindicatos que representam os servidores da educação temem os riscos da reabertura. Por outro lado, entidades que representam as instituições privadas cobram a liberação para retomada e dizem que a rede particular está preparada para atender aos alunos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), a Unicef e a Unesco – braços da ONU sobre infância educação – divulgaram recentemente um documento dizendo que a volta às aulas deve ser prioridade na reabertura das economias.