O Instituto Butantan formalizou, nesta segunda-feira (18), o pedido para uso emergencial das outras 4,8 milhões de doses da CoronaVac à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A autorização dada pela agência no domingo foi para o uso de 6 milhões de doses que foram sido enviadas diretamente da China para São Paulo.
Além das doses prontas, o laboratório chinês Sinovac enviou material para que o instituto de São Paulo produzisse mais 4,8 milhões de doses e, por isso, a necessidade de uma nova autorização.
Segundo o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, o pedido de autorização do uso emergencial do segundo lote abrangerá um número ainda maior de doses.
“A primeira partida é de 4 milhões e 800 mil já em disponibilidade na medida em que for feita essa segunda autorização. Uma vez aprovado, daí a produção do Butantan será feita de acordo com essa autorização, isto é, não haverá a necessidade de todo o lote ser requisitado (o pedido emergencial), podendo chegar a uma produção adicional de 35 milhões de doses”, explicou.
A imunização contra o coronavírus começou neste domingo (17) com a aplicação de uma dose na enfermeira Monica Calanzas, funcionária do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. A vacinação ocorreu minutos depois da diretoria da Anvisa autorizar o uso emergencial da CoronaVac.
Outros 4,5 milhões de doses da vacina do Butantan foram entregues ao Ministério da Saúde que realizará a distribuição aos demais estados brasileiros de acordo com a proporção da população.
MATÉRIA-PRIMA
Durante a coletiva, Dimas Covas destacou que o Butantan mantém contato com o laboratório chinês para garantir o envio da matéria prima para a produção das demais doses da vacina e até mesmo para a ampliação do total de imunizantes.
“O Butantan está se esforçando para ampliar a quantidade de matéria prima. Temos um lote pronto e aguardamos autorização do governo chinês (para importação)”, disse Dimas Covas, que não apresentou uma previsão de data para a chegada dos imunizantes.
Questionado sobre o envio por jornalistas, Covas afirmou que “quando mais rapidamente essa matéria estiver liberada, melhor para todos”. “Preocupa, sim, a chegada da matéria prima, para não parar a produção”, complementou ele, relembrado que o Butantan já tem capacidade para a produção de 1 milhão de doses da vacina por dia, desde que haja matéria-prima.
Na coletiva desta segunda-feira, o governador de São Paulo, João Doria, disse que Jair Bolsonaro e seus filhos podem ajudar parando de “falar mal da China”. O país é um dos maiores produtores de vacinas do mundo.
“Se o presidente Jair Bolsonaro e seus filhos pararem de falar mal da China, isso já ajuda bastante, pois os insumos da vacina do Butantan e da AstraZeneca são produzidos na China, e são as duas únicas vacinas aprovadas pela Anvisa. Pelo menos se não atrapalhar já é uma ajuda”, disse Doria.
Dimas Covas lembrou que as duas vacinas terão o suporte Programa Nacional de Imunização (PNI) e, por isso, o governo deve se atentar à relação diplomática com a China. “O governo sem dúvida nenhuma tem que se preocupar com essa relação com a China para avalizar a chegada dessa matéria prima”, declarou.
Pior semana epidemiológica
Em meio ao clima positivo diante do início da vacinação, o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, ressaltou que a propagação da Covid-19 segue em ritmo acelerado no Estado. “Tivemos a pior semana epidemiológica desde o início da pandemia”, afirmou Gorinchteyn, citando um aumento de 77% no número de novos casos ante a semana anterior e de mais de 50% no total de mortes. As internações tiveram um aumento na ordem de 30%.
“Hoje seria um dia que deveríamos estar festejando a vinda das vacinas. Sabemos que ainda temos poucas vacinas para imunizar todo o Estado”, ressaltou o secretário. Ao citar a falta de coordenação com o Ministério da Saúde, Gorinchteyn disse que “vamos vacinar a população muito mais vulnerável, idosos e pessoas com comorbidade, de forma muito tardia”.
O Estado de São Paulo superou a taxa de 70,1% de lotação nos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI). São 6.004 pessoas ocupando esses leitos. O Estado deve bater nesta segunda-feira a marca de 50 mil mortes. Há 1.628.272 casos confirmados da doença em São Paulo.
O secretário afirmou ainda que, dado o aumento dos casos, o Estado mantém “no radar” a reativação de hospitais de campanha para atendimento da população. “Já estamos ampliando leitos dentro de hospitais e também a contratação de hospitais privados. E nós não tiramos do radar os hospitais de campanha”, afirmou.
O ponto de atenção, segundo Gorinchteyn, é a garantia de médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e fisioterapeitas para atendimento dos pacientes e para doentes de outras doenças. “Estamos atentos a tudo: tanto essa questão de número de leitos quanto de recursos humanos para a assistência à população”.