Em sabatina ao portal G1, o candidato bolsonarista ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse que se eleito, pretende revisar a medida que obriga o uso dec âmeras em fardas de policiais militares.
“Em minha opinião, a Rota não deveria usar câmeras em fardas”, afirmou Freitas, que foi ministro de Infraestrutura de Jair Bolsonaro, durante a entrevista nesta segunda-feira (22).
“Às vezes, ele (policial) pode ser alvo de uma isca, de alguém que vai desmobilizar uma guarnição e vai ser obrigado a fazer um flagrante que ele sabe que não tem relevância, porque aquilo vai desmobilizar o caminho livre para um crime de maior potencial, por ali sairá uma grande quantidade de droga ou arma”.
Essa foi a explicação (pouco compreensível) que o candidato usou para justificar sua recusa em manter a iniciativa, adotada pelo ex-governador João Doria (PSDB), em agosto de 2021, aprovada também pela população.
“Me preocupa, por exemplo, a questão de uma tropa especial estar usando uma câmera. Será que cabe a câmera pra tropa especial? A Rota, a tropa de choque”, questionou.
“Na minha opinião não deve (usar câmera) na minha opinião é incompatível com o tipo de atuação, com a natureza de atuação que ela tem. E quem disse que ela não vai seguir a lei não estando com a câmera […]?, prosseguiu o bolsonarista.
REDUÇÃO DA LETALIDADE
Dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) mostram que a letalidade policial despencou 72%, desde que as câmeras passaram a ser utilizadas nas fardas dos policiais militares.
No primeiro trimestre de 2020, quando a medida ainda não havia sido implementada no estado, 435 pessoas foram mortas por policiais em serviço. No mesmo período de 2021, foram 123 assassinatos.
Levantamento recente da Ouvidoria da Polícia de São Paulo aponta que a Rota foi o batalhão que mais matou suspeitos de crimes em 2019 no estado.
Em julho, três policiais do batalhão foram presos após a morte de um suspeito de sequestro em Osasco, na Grande São Paulo. Eles taparam as câmeras dos uniformes durante a ação, segundo investigação da Justiça.
Pesquisa do Instituto Datafolha divulgada em julho deste ano revelou que o uso de câmeras em policiais é apoiado por mais de 90% da população do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
Sobre seu posicionamento ser contrário ao da maioria do eleitorado, Tarcísio afirmou: “Eu sou candidato para colocar o meu ponto de vista”.
Em aparente descaso com a segurança e a vida da população paulista (Tarcísio mora no Rio de Janeiro), o candidato de Bolsonaro afirmou: “Toda política pública pode e deve ser revista, revisitada, pontos bons podem ser aproveitados e pontos ruins têm que ser afastados”.
Para Haddad, câmeras estão salvando policiais
Já Fernando Haddad, candidato do PT ao Palácio dos Bandeirantes, em entrevista à rádio CBN na quarta-feira (17) reforçou a defesa do uso de câmeras nas fardas de policiais e disse que, se eleito, vai expandir a medida. Para o candidato petista, essa política não causa constrangimento e protege os agentes.
“Tudo que salva uma vida é importante. Eu vou manter a câmera e vou expandir, acho muito interessante essa ideia. E não vejo nenhum constrangimento para policiais, porque está salvando vidas de policiais”, sentenciou.
“É uma coisa que tem que ser mantida e aperfeiçoada, vamos expandir e aperfeiçoar o programa”, disse Haddad.
Ainda sobre segurança pública, o ex-prefeito afirmou que as câmeras são apenas um ponto em um plano mais amplo de governo.
Um dos pontos levantados pelo candidato petista é sobre a necessidade de ampliar a capacidade de investigação por parte da Polícia Civil de São Paulo.
“São Paulo está perdendo a capacidade de investigar crime. Nós não temos uma polícia investigativa, e é essa que resolve o problema da segurança pública”, analisou.
“Resultado, como você foi depreciando a polícia civil, tanto do ponto de vista salarial quanto de efetivo, o que aconteceu? A PM começou a abrir um centro de investigação, porque a Polícia Civil não faz, a PM resolveu fazer”, prossegue o petista.
“E o MP abriu também. Nenhum problema, mas quem deveria investigar, não investiga, porque não tem efetivo. Está faltando 15 mil homens na Polícia Civil”, completou.
Haddad, que já foi ministro da Educação no governo Lula, lidera até o momento todas as pesquisas de intenção de voto ao governo de São Paulo.
A última, realizada pelo Instituto Real Time Big Data divulgada nesta segunda-feira, confere ao petista 34% da preferência do eleitorado. Em segundo lugar, aparecem o ex-ministro da Tarcísio de Freitas e o atual governador, Rodrigo Garcia (PSDB), ambos com 20%.