
Bolsonaro não está nem aí para os milhões de desempregados e nem para os mais de 87 mil mortos da pandemia
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), rebateu nesta terça-feira (28) a forma desrespeitosa e cínica com a qual o presidente Jair Bolsonaro tratou o drama de milhões de trabalhadores brasileiros que estão sem emprego e sem renda por conta da crise econômica agravada pela pandemia e pela politica desastrada de Paulo Guedes. “Considero que o desemprego não é assunto a ser tratado com ironias”, disse o governador, em mensagem no seu twitter.
“Espero que o presidente da República leve a sério a urgência de ações efetivas. É impossível tratar do tema no “cercadinho” do Alvorada. Por isso, insisto na ideia do Pacto Nacional pelo Emprego”, reafirmou Flávio Dino. A reação anti-social e revanchista de Bolsonaro, que segue desdenhando os problemas causados pela pandemia, mostra que ele realmente não está no Planalto para governar o país.
“Tem governador agora que quer que eu faça um pacto pelo emprego. Mas ele continua com o estado dele fechado”, disse o Bolsonaro durante conversa com apoiadores na saída do Palácio do Alvorada, residência oficial da Presidência. Com essa resposta, Bolsonaro mostra que acha pouco os mais de 87 mil mortos da pandemia até hoje, porque ele critica medidas de proteção à população, tomadas pelos governadores, que, segundo todos os estudos, se não fossem tomadas significariam pelo menos o dobro de mortos.
Mostra também que ele não está desdenhando só os mortos da Covid-19, mas também está se lixando para os mais de 64 milhões de brasileiros que estão vivendo o drama da falta de emprego e de renda e precisando de ajuda. Drama que motivou Flávio Dino a chamar o presidente para um plano emergencial de enfrentamento do problema.
O governo não quer saber de nada. Está ausente de praticamente todas as áreas da administração. Até hoje, em plena pandemia, não há um ministro efetivo da Saúde. As trapalhadas no Ministério da Educação e as “boiadas passando” no Meio Ambiente são outras provas de que Bolsonaro não está nem aí para o que pensam e precisam as crianças e seus pais.
Não quer nem saber o que pensam os educadores desse país e muito menos o que defendem os ambientalistas.
Populações indígenas, então, se depender dele, são exterminadas todas.
A morosidade criminosa com que sua equipe econômica trata os pobres, os mais vulneráveis e as pequenas e médias empresas, ao contrário de seu servilismo com bancos e multinacionais, especialmente as americanas, é um escândalo.
O governo não põe em prática no ritmo que são necessárias as medidas econômicas aprovadas pelo Congresso Nacional, como são o crédito para micro e pequenas empresas, que nunca chegam, e a ajuda de 600 reais que, se dependesse dele seria somente R$ 200. Essa ajuda “emergencial” demora muito e, quando chega, obriga milhões de pessoas a irem para as filas quilométricas nas agências de CEF, expondo todas as pessoas que necessitam da ajuda ao contágio do coronavírus.
Por fim, esse “retorno” de Bolsonaro ao cercadinho faz pensar também que ele estava só esperando Fabrício Queiroz sair da cadeia para voltar ao seu “normal”. Ou seja, respondendo com cinismo e ironia a um chamado da oposição para uma ação concreta contra o desemprego e a miséria.
Com Queiroz na cadeia e a mulher dele sendo procurada pela polícia, o presidente tinha sumido do cercadinho, local de onde ele atacava a todos, a imprensa, o Supremo e qualquer outro “desafeto”. Estava caladinho. Agora, sem o perigo iminente de Queiroz abrir a boca, ele voltou ao cercadinho. Aliás, Flávio Dino lembrou que o cercadinho não é lugar para discussão de tema tão sério para povo brasileiro como é o drama do desemprego.
Diante de anúncios feitos pelo próprio governo de que o desemprego vai se agravar nos próximos meses, o governador maranhense havia mandado uma carta ao presidente sugerindo que ele liderasse um “pacto nacional pelo emprego”.
“Considerando este cenário desafiador, gostaria de sugerir uma reunião liderada por V. Exa. com os governadores e os presidentes das confederações empresariais e centrais sindicais para que possamos construir um ‘Pacto Nacional pelo Emprego’, com medidas emergenciais de geração de emprego e renda”, escreveu o governador no ofício.