Faleceu na madrugada desta terça-feira (15) em São Paulo o cineasta, cronista e jornalista Arnaldo Jabor, de 81 anos. Ele estava internado desde dezembro do ano passado no Hospital Sírio-Libanês.
Jabor havia sido hospitalizado após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC). Segundo a família, ele faleceu por volta da meia-noite, em decorrência de complicações do AVC.
Arnaldo Jabor teve extensa carreira dedicada ao cinema, à literatura e ao jornalismo. No cinema, dirigiu sete longas, dois curtas e dois documentários. Também era cronista e jornalista.
Formado no ambiente do Cinema Novo, Jabor participou da segunda fase do movimento, um dos maiores do país, conhecido por retratar questões políticas e sociais do Brasil inspirado no neorrealismo italiano e na nouvelle vague francesa.
Jabor também atuou no Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (CPC-UNE) junto a importantes lideranças como Carlos Diegues, João das Neves, Carlos Lyra, Geraldo Vandré, Edu Lobo, Denoy de Oliveira, Carlos Vereza, Paulo Francis e Sérgio Ricardo, entre muitos outros. A principal iniciativa cultural do país na década de 60 foi extinta após o criminoso incêndio da sede da UNE no golpe militar em 1964.
CINEMA
Mesmo antes de se tornar um premiado diretor e roteirista, Jabor já demonstrava o afinco com o cinema. Durante sua carreira foi também técnico sonoro, assistente de direção e crítico de cinema. Ele se formou pelo curso de cinema do Itamaraty-Unesco em 1964.
Em 1967, produziu o documentário “Opinião Pública”, seu primeiro longa metragem e uma espécie de mosaico sobre como o brasileiro olha sua própria realidade.
O primeiro longa de ficção que Jabor produziu, roteirizou e dirigiu foi “Pindorama”, em 1970. Ele tinha um excesso de barroquismo e de radicalismo contra o cinema clássico. No ano seguinte, foi indicado à Palma de Ouro, o maior prêmio do festival de Cannes, na França.
Sucessos de bilheterias e obras premiadas marcaram a carreira do cineasta. Em 1973, fez um dos grandes sucessos de bilheteria do cinema brasileiro: “Toda Nudez Será Castigada”, uma adaptação da peça homônima de Nelson Rodrigues. Por ele, Jabor venceu o Urso de Prata no Festival de Berlim em 1973.
O filme “O Casamento” (1975) foi adaptado de um romance do escritor e faz uma crítica comportamental da sociedade.
Outro sucesso do roteirista e diretor foi “Tudo Bem” (1978), o início de sua “Trilogia do Apartamento”. O filme investiga, num tom de forte sátira e ironia, as contradições da sociedade brasileira que já vivia o fracasso do milagre econômico.
Em 1981, Jabor escreveu e dirigiu o premiado “Eu te amo”, que fala sobre um industrial falido pelo milagre dos anos 70 conhece uma mulher e a convida para sua casa, onde vivem um intenso romance em meio às crises existenciais.
Cinco anos depois, voltou com outro sucesso de bilheteria e crítica. “Eu Sei que Vou Te Amar”, de 1986, conta a história de um casal em crise. Foi mais um sucesso do cineasta gravado entre quatro paredes em uma casa projetada por Oscar Niemeyer.
Na década de 1990, voltou ao jornalismo, escrevendo para a Folha, O Globo, e Zero Hora. Nesta época também passou a atuar como comentarista no Jornal Nacional, Jornal da Globo e Bom Dia Brasil, além da rádio CBN.
Em 2010, voltou a filmar depois de 24 anos afastado de uma de suas maiores paixões. Assinou roteiro e direção de “A Suprema Felicidade”, contando a história de Paulo, um adolescente que precisa lidar com as frustrações do pai e se aproxima do avô. Mais uma vez, o filme é indicado e leva categorias técnicas como direção de arte e figurino em festivais brasileiros e internacionais.