Após exibição do filme “Tempos Modernos”, de Charles Chaplin, na Mostra Democrática “Cinema com Partido”, neste sábado (11) os estudantes e demais presentes realizaram um debate com o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP). “‘Tempos Modernos’ nos trás o drama que vivemos no Brasil de hoje: do desemprego e da miséria”, considerou o deputado.
“Tempos Modernos” (1936), uma das obras prima de Charles Chaplin, é uma comédia que, com leveza e muita ironia, retrata a situação dos operários ingleses durante um período de crise econômica, na qual milhões foram levados ao desemprego e à miséria. O filme foi o décimo a ser exibido na mostra, que segue até novembro.
Para Orlando Silva, “é uma das mais espetaculares obras de arte já produzidas em todos os tempos”. “É impressionante a estética, a força que o filme tem. É justamente por essa força que ele consegue atravessar um século, praticamente, e que deixa todo mundo pensando ‘caramba, olha a quantidade de coisas parecidas com o que vivemos hoje’”.
“O filme é uma comédia, com ares de romantismo, mas na verdade é um grande drama. Um drama daquela fase de crise do capitalismo, a maior vivida antes da que estamos vivendo agora. Aquele ambiente produziu um drama registrado com beleza, com leveza e doçura, mas dureza”.
O deputado acredita que “assim como o Chaplin no cinema, no Brasil diversos artistas souberam expressar esse ambiente no trabalhador passou a ser um personagem central. Se for falar da música, o Noel Rosa falando do ‘apito da fábrica de tecidos’, o Wilson Batista falando que ‘quem trabalha é que tem razão’. As pinturas dos modernistas, retratando as fábricas, os operários. Os escritos de Mário de Andrade”.
“E a arte tem incomodado muita gente, como próprio Bolsonaro. O tempo do Bolsonaro é o tempo das trevas, do obscurantismo. Talvez por isso que a arte incomoda tanto, a ciência, que produz luz, consciência, incomoda tanto, a universidade, que é o lugar da crítica, incomoda tanto. Precisamos virar essa página dolorosa de nossa história, que já é uma página de tempos arcaicos, e não mais modernos, expressos pelo Bolsonaro”, afirmou.
O deputado federal comentou que “O drama de ‘Tempos Modernos’ é a situação do Brasil de hoje, do desemprego, da miséria. Isso porque o Brasil está passando por uma paralisia na economia, mais uma década perdida. Desde 2011, o Brasil não cresce de forma consistente. E isso produz um drama social brutal, que é agravado pela incapacidade do Presidente da República de liderar qualquer tipo de recuperação”.
“Com o avanço da tecnologia, o homem poderia estar se libertando cada vez mais do trabalho. Reduzindo a jornada de trabalho para seis ou quatro horas, garantindo tempo para seu lazer, para passar com a família, para assistir ‘Tempos Modernos’. Mas não, pelo jeito como as coisas estão, se trata de criar uma massa de desempregados, desassistidos por todo o mundo”.
“O sonho, mostrado na última cena, é a própria esperança, a caminhada. ‘Por que parar? Nos levantaremos e seguiremos em luta’. Então, ‘Tempos Modernos’ registra a tragédia da crise do capitalismo ao mesmo tempo as expectativas e esperanças”, concluiu.
A Mostra Democrática “Cinema com Partido” é organizada pelo Centro Popular de Cultura da UMES-SP e inclui 38 filmes de 11 cinematografias: Estados Unidos (13), França (2), Inglaterra (3), Itália (6), Espanha (2), União Soviética (2), Índia (1), Israel (1), México (1), Argentina (1), Brasil (6).
Veja a programação completa da mostra.