A Cinemateca Brasileira, localizada em São Paulo, se prepara para reabrir nesta próxima sexta-feira (13). A entidade está fechada ao público desde agosto de 2020, após sofrer uma série de ataques do governo Bolsonaro e uma sequência de desmontes nos últimos anos.
O ápice do descaso com o centro de registro histórico nacional foi um incêndio que atingiu parte do arquivo da Cinemateca em dezembro de 2021, conforme os trabalhadores já denunciavam, como previsível há meses.
A Cinemateca preserva o maior acervo audiovisual da América do Sul. Trata-se de uma das mais importantes instituições do tipo no mundo. A mobilização em defesa da Cinemateca foi intensa. Entidades audiovisuais de todo o mundo e personalidades da área se levantaram para a preservação da entidade. Isso, após uma intervenção desastrosa da Secretaria de Cultura, sob comando de Mário Frias.
Com o abandono da Cinemateca pelo governo federal, um novo edital foi aberto e a Sociedade Amigos da Cinemateca (SAC) assinou, em março, um contrato de gestão por cinco anos. A entidade tem experiência e já havia administrado o acervo entre 2008 e 2013. Agora, com uma direção que conta com profissionais experientes do audiovisual brasileiro, a SAC contratou funcionários e reestruturou a Cinemateca.
O próximo passo é a reabertura, que já tem data marcada. As primeiras exibições homenagearão um dos principais cineastas da história do país: José Mojica Marins, o Zé do Caixão. Serão exibidos cinco filmes de sexta a domingo (15). Além disso, o espaço reassume sua vocação educativa para o audiovisual, com mesa de debate reunindo o jornalista André Barcinski e os cineastas Dennison Ramalho e Paulo Sacramento.
REABERTURA
“Na reabertura vai ser apresentado o filme ‘A Praga’, feito nos anos 80 e recuperado por Pupo, parceiro histórico da Cinemateca. Os filmes do Mojica, neste momento, passam por trabalho de recuperação, sob coordenação do Paulo Sacramento, também parceiro da instituição. A obra foi preservada ao longo de anos, então poder abrir com esse recorte filmográfico e tendo como mote a apresentação do filme que foi resgatado, passando por longo processo de recuperação, tem tudo a ver com este momento da Cinemateca”, afirma a diretora técnica Gabriela de Sousa Queiroz.
Após um ano e meio fechada devido a alagamento, incêndio e a um processo de abandono, a instituição reabre com novas expectativas, acrescenta Gabriela.
“Entramos aqui em novembro de 2021, depois de longa espera de 16 meses, desde a saída da última organização social. Nesse período, a cinemateca paralisou as atividades finalísticas. No meio desse caminho teve o incêndio, houve muito perdas. Para os trabalhadores, foi muito difícil ficar fora da instituição, quando finalmente conseguimos retornar com a Sociedade Amigos da Cinemateca, em caráter emergencial. A primeira missão era tomar pé do acervo, da infraestrutura, do parque tecnológico”, detalha a diretora.
“De lá pra cá, a gente vem trabalhando para sanear os principais problemas e, finalmente, agora reabrir a Cinemateca aos espectadores, às pessoas que usam o espaço para lazer, recreação. É um espaço de pesquisa, de estudos, enfim, devolvê-la à própria comunidade”, completa.
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