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“Um Herói Brasileiro”, com essas palavras, o Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB) homenageou o Professor Eduardo de Oliveira, no dia do seu aniversário. Neste 6 de agosto, ele completaria 97 anos.
A entidade, que carrega em seu DNA a trajetória de uma das maiores lideranças do movimento negro brasileiro, reforçou seu “profundo compromisso com as bandeiras levantadas pelo seu fundador, na luta por um Brasil mais justo, soberano, desenvolvido e livre do racismo”.
Eduardo de Oliveira nasceu em 6 de agosto de 1926, na cidade de São Paulo. Órfão desde o nascimento, sem conhecer pai, mãe ou ascendentes familiares enfrentou desde a mais tenra idade o preconceito, o racismo, o ódio, a mesquinharia com firmeza e serenidade se transformando num dos heróis do Brasil.
HINO À NEGRITUDE
Com apenas 16 anos, Eduardo de Oliveira compôs o “Hino Treze de Maio” que passou a ser chamado posteriormente de “Hino à Negritude”. A composição foi registrada em 13 de maio de 1966 na antiga Escola Nacional de Música. A execução do Hino em todos os eventos públicos relativos ao tema se tornou Lei Federal 12.981 sancionada pela Presidência da República em 28 de maio de 2014. O projeto no Congresso foi de autoria do então deputado Vicentinho (PT), grande admirador do Professor Eduardo de Oliveira.
Sobre o Hino analisou o cantor, compositor e escritor Nei Lopes: “Um hino atemporal em sua beleza. Como atemporal é a negritude e como intrinsicamente deve ser um hino. Composto na regra da arte na mais rigorosa expressão da palavra. Melodia envolvente e versos mobilizadores”.
OUÇA O HINO:
Hino à Negritude
EDUARDO DE OLIVEIRA
Sob o céu cor de anil das Américas
Hoje se ergue um soberbo perfil
É uma imagem de luz
Que em verdade traduz
A história do negro no Brasil
Este povo em passadas intrépidas
Entre os povos valentes se impôs
Com a fúria dos leões
Rebentando grilhões
Aos tiranos se contrapôs
Ergue a tocha no alto da glória
Quem, herói, nos combates, se fez
Pois que as páginas da História
São galardões aos negros de altivez
Levantado no topo dos séculos
Mil batalhas viris sustentou
Este povo imortal
Que não encontra rival
Na trilha que o amor lhe destinou
Belo e forte na tez cor de ébano
Só lutando se sente feliz
Brasileiro de escol
Luta de sol a sol
Para o bem de nosso país
Ergue a tocha no alto da glória
Quem, herói, nos combates, se fez
Pois que as páginas da História
São galardões aos negros de altivez
Dos Palmares os feitos históricos
São exemplos da eterna lição
Que no solo Tupi
Nos legara Zumbi
Sonhando com a libertação
Sendo filho também da Mãe-África
Arunda dos deuses da paz
No Brasil, este Axé
Que nos mantém de pé
Vem da força dos Orixás
Ergue a tocha no alto da glória
Quem, herói, nos combates, se fez
Pois que as páginas da História
São galardões aos negros de altivez
Que saibamos guardar estes símbolos
De um passado de heróico labor
Todos numa só voz
Bradam nossos avós
Viver é lutar com destemor
Para frente marchemos impávidos
Que a vitória nos há de sorrir
Cidadãs, cidadãos
Somos todos irmãos
Conquistando o melhor por vir
Ergue a tocha no alto da glória
Quem, herói, nos combates, se fez
Pois que as páginas da História
São galardões aos negros de altivez
(bis)
PRIMEIRO VEREADOR NEGRO DE SÃO PAULO
O professor Eduardo de Oliveira foi, entre 1953 e 1959, o primeiro vereador negro da cidade de São Paulo. “Sua consciência política sobre a necessidade de uma revolução social o levou a se juntar ao MR8, nos anos 90, e ser um dos signatários do manifesto de fundação Partido Pátria Livre – PPL, em 2009, integrando seu Diretório Nacional”.
“Em 1995 funda o Congresso Nacional Afro-Brasileiro, em São Paulo, em homenagem ao III Centenário da imortalidade de Zumbi dos Palmares. O professor Eduardo de Oliveira travou o bom combate até os 86 anos de idade e nos deixou um legado a ser conduzido até a superação racismo, da discriminação social, da miséria e a construção de um projeto nacional de desenvolvimento e a conquista do socialismo”, ressaltou a entidade.
LUTHER KING
“Em 1964 recebe carta de Martin Luther King, com quem estivera numa série de conferências nos EUA, falando sobre a importância da luta comum pela ‘humanização da Humanidade’. Em 1978, junto com Abdias do Nascimento, Clóvis Moura, Lélia Gonzales, Milton Barbosa, encabeça passeata contra a perseguição racial aos jogadores negros do Clube Tietê, que resultou na fundação do Movimento Negro Unificado (MNU)”, destacou o CNAB
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POESIA
A profundidade da poesia de Eduardo de Oliveira levou a que Tristão de Athayde, na década de 60, o destacasse como um dos três fundadores mundiais da negritude em literatura, ao lado de Aimée Cesaire (francês, nascido na Martinica) e Senghor (Senegal).
O poeta Eduardo de Oliveira publicou 12 livros, dentre os quais Além do Pó (1958), Gestas Líricas da Negritude (1967), Banzo (1965), em homenagem a Patrice Lumumba, Ancoradouro (1960), Evangelho da Solidão (1969), Túnica de Ébano (1980), A Cólera dos Generosos (1980) e a enciclopédia Quem é Quem na Negritude Brasileira (l Volume), lançada no Memorial da América Latina, em 1999.