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A eleição presidencial de domingo (6) no Peru, em acirrada disputa que em várias regiões transcorreu voto a voto, ainda está indefinida. Cheio de tensões e incertezas, o país ficou pendente do avanço da contagem oficial dos votos durante toda a segunda-feira. E o dia acabou sem resultado definitivo do vencedor.
Com 96.983 % das atas eleitorais processadas, o candidato do partido Peru Livre, Pedro Castillo, apresenta 50,3% dos votos, contra 49,7% de sua rival Keiko Fujimori (que se apresenta como a continuação do devastador período do ditador Alberto Fujimori).
Essa diferença em termos percentuais se traduz em menos de 90 mil votos, a favor de Castillo, de acordo com a última atualização do Escritório Nacional de Processos Eleitorais (ONPE pela sigla em espanhol). O órgão oficial insiste em pedir paciência, diante de um escrutínio que pode levar vários dias.
A contagem já reflete 99% dos votos emitidos no Peru, porém mais de 60% dos registrados no estrangeiro ainda não foram contabilizados e eles majoritariamente favorecem a Fujimori. Ou seja, neste momento, Castillo não pode ser considerado o vencedor matematicamente, embora se possa dizer que a candidata do partido Fuerza Popular dificilmente conseguirá reverter a vantagem que, mantida, dá vitória ao candidato professor.
Cerca de um milhão de peruanos foram habilitados a votar no exterior, mas o avanço na contagem desta votação, que na segunda-feira chegou a 26%, registrou absenteísmo acima de 60%, é lento. Na contagem parcial, Keiko obteve 61,9%, o que representa pouco mais de 48 mil votos, enquanto Castillo chegou a 30 mil. Faltariam computar cerca de 300 mil votos do exterior.
O professor rural, que se destacou com propostas em defesa da educação, da saúde e do papel preponderante do Estado no desenvolvimento do país, vence em quase todo o país, mas a filha do ex-presidente Alberto Fujimori, preso por abusos aos direitos humanos e por corrupção, esteve à frente no inicio da contagem pelo fato de que os votos das maiores áreas urbanas foram registrados primeiro. A vantagem de Keiko provavelmente se dá aí pela concentração de poder econômico em grande parte ligado a relações de dependência. Na capital Lima – com um terço dos eleitores – ela obteve 65,6% pelo resultado oficial. Já nas áreas pobres e marginalizadas andinas e rurais Castillo ganhou amplamente, em algumas regiões chegando a 80%. Esses votos, os últimos a serem contados, estão lhe trazendo a liderança no ainda incerto segundo turno desta eleição no momento de fechamento desta matéria.