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A segunda rodada de negociações de paz entre representantes de Kiev e Moscou começou na Bielorrússia, em Belovezhskaya Pushcha, nesta quinta-feira (3), enquanto prosseguia a operação de “desnazificação e desmilitarização” acionada pelo presidente russo Vladimir Putin para deter a perseguição aos residentes do Donbass de fala russa, depois de oito anos de tentativas de obter do regime ucraniano o cumprimento dos Acordos de paz de Minsk.
As duas delegações, que são as mesmas da primeira rodada, se cumprimentaram no início dos trabalhos. As negociações poderiam ter ocorrido já ontem, o que não aconteceu devido a protelações de parte de Kiev, sob pressões de Washington, na avaliação do chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov.
Na véspera, o chefe do partido Servo do Povo no parlamento ucraniano e membro da delegação, David Arakhamia, disse em comunicado que o “mínimo” que a Ucrânia está buscando ganhar com as negociações de crise é a garantia de corredores humanitários, enquanto todo o resto “depende das circunstâncias”.
O principal negociador de Moscou, Vladimir Medinsky, disse na quarta-feira que os dois lados discutirão um cessar-fogo.
“OFERECEMOS UM ACORDO”
Em entrevista à rede Al Jazeera, o chanceler russo Lavrov afirmou que as exigências apresentadas pela Rússia à Ucrânia não podem ser qualificadas como capitulação.
Oferecemos um acordo, que assegurará os direitos legais de todos os povos que vivem na Ucrânia, o que inclui todas as minorias nacionais sem exceção, sua igualdade”.
Ele acrescentou que Moscou “continua comprometida com a desmilitarização da Ucrânia” e que deveria haver uma lista de armas específicas que nunca poderiam ser implantadas em território ucraniano. O mesmo no que tange à restauração do status de neutralidade.
O principal diplomata russo referiu-se à lei ucraniana sobre os povos nativos no país – que exclui as pessoas de ascendência russa.
“Esse é o tipo de coisa que já está criando a base legislativa para uma política russófoba e não apenas russófoba – contra todas as outras minorias nacionais: húngaros, romenos, poloneses, búlgaros”, continuou ele.
Lavrov enfatizou que os militares russos estão fazendo “tudo” para evitar sérias baixas civis e sublinhou que não tem planos de ocupar a Ucrânia. Segundo ele, a Ucrânia deveria passar por um procedimento de desnazificação semelhante ao que a Alemanha nazista fez no século 20.
Em relação à enxurrada de sanções antirrussas dos países ocidentais, Lavrov considerou-a como uma tentativa de criar uma nova “cortina de ferro” para a Rússia que, no entanto continuará se desenvolvendo apesar disso.
PAPEL CONSTRUTIVO DA CHINA
Ainda no front diplomático, na terça-feira, o chanceler ucraniano Dmitro Kuleba, telefonou ao seu homólogo chinês, Wang Yi, pedindo a intermediação da China na busca de um cessar-fogo e um acordo. Kuleba posteriormente se referiu ao “papel construtivo” da China na questão.
Pequim tem rejeitado as sanções unilaterais e à margem da lei internacional que vêm sendo deflagradas contra Moscou por Washington e subalternos e manifestou seu apoio a que a Rússia tenha suas legítimas considerações de segurança sobre a expansão da Otan atendidas, e reiterou seu persistente princípio de respeito à soberania e de negociação ganha-ganha.
A Assembleia Geral da ONU extraordinária aprovou moção contrária à ação russa na Ucrânia, por 141 votos a 5, e 35 abstenções, entre estas, China e Índia. O presidente francês Emmanuel Macron ouviu de Putin, para quem ligou, detalhadas explicações sobre a presença dos nazistas nas instituições governamentais ucranianas e nas decisões ali tomadas.
DONBASS
No front militar, praticamente se fechou o cerco sobre as formações ucranianas que cometiam a perseguição à população de Donbass, assim como sobre Mariupol, há cinco anos praticamente sob controle do Batalhão Azov. Apesar de todas as fake news sobre ‘recrutas russos chorando e se rendendo’, a capital, Kiev já está bloqueada, exceto no lado oeste, enquanto o comando russo considera que as ações seguem como previsto. Já a falta de uma operação “choque e pavor”, estilo de guerra preferido pelos norte-americanos, levou certos analistas a palpitarem sobre o ‘fracasso da aviação russa’.