O Comitê Científico do Consórcio dos Estados do Nordeste criticou a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de negar a importação e o uso emergencial da vacina Sputnik V, desenvolvida na Rússia, e afirmou que “não podemos deixar que entraves burocráticos prejudiquem o acesso da população a uma vacina que comprovou sua eficácia e segurança”.
Em documento divulgado na segunda-feira (26), o Comitê Científico do Consórcio Nordeste comparou os resultados obtidos pela Sputnik V nos testes com os de outras vacinas, como a AstraZeneca, desenvolvida pela Universidade de Oxford, e a Janssen, da Johnson & Johnson, e afirmou que a vacina russa é segura e eficaz.
A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, aprovou a liberação comercial da Sputnik V, atestando sua eficácia e segurança.
O pedido de uso emergencial foi feito à Anvisa por 14 estados e sua autorização aceleraria a imunização dos brasileiros. Segundo a Agência, os documentos entregues pelos russos não comprovam a segurança do imunizante.
Com a autorização para a importação e aplicação da Sputnik em Bangladesh, o número total de países que contam com o imunizante chegou a 62, com uma população de 3,2 bilhões de pessoas.
Na América Latina, o México, Argentina, Bolívia, Venezuela e Paraguai já aprovaram a Sputnik V.
O Fundo Russo de Investimentos Diretos (RFPI), responsável pela Sputnik V, disse que “a decisão da Anvisa de adiar o registro da Sputnik V pode ser motivada politicamente”.
“Isso é confirmado pelos dados do relatório do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos de 2020, que fala abertamente dos esforços do departamento de pressionar as autoridades brasileiras e forçá-las a recusar a compra da vacina russa”.
O Fundo está se referindo a um documento oficial enviado pelo governo do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no qual pede ao governo Bolsonaro que a vacina produzida na Rússia não seja adquirida e aplicada no Brasil.