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480 militares seguem aquartelados no Arsenal de Guerra para serem interrogados
Criminosos ainda não identificados furtaram 21 armas do Arsenal de Guerra do Exército, localizado em Barueri, na Grande São Paulo. O crime aconteceu na quarta-feira, 11.
Uma metralhadora calibre 50 custa, no Paraguai, cerca de R$ 150 mil. O valor, no mercado clandestino brasileiro, pode dobrar. A metralhadora calibre .50, por exemplo, pode disparar 600 tiros por minuto e atingir um alvo a mais de 3 quilômetros de distância. Essa arma também tem poder de fogo antiaéreo, podendo derrubar aeronaves.
Por causa do desaparecimento de ao menos 13 metralhadoras calibre ponto 50, que podem derrubar aeronaves, e 8 de calibre 7,62, os 480 militares que trabalham no paiol estão proibidos de ir para casa e os celulares de todos foram apreendidos.
Uma comitiva do Exército em Brasília, no Distrito Federal (DF), chegou neste final de semana a Barueri, na Grande São Paulo, para ajudar na investigação sobre o furto.
O general Achilles Furlan Neto, chefe do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército (DCT), da capital federal, comanda as investigações juntamente com comandantes do Comando Militar Sudeste (CMSE), na capital paulista. O general chegou este sábado (14).
Segundo o comando do Exército, as armas desaparecidas na semana passada estavam “inservíveis” e tinham sido recolhidas para manutenção. Para Bruno Langenini, gerente de projetos do Instituto Sou da Paz, a alegação de que as armas estavam em manutenção não diminui o perigo que elas podem representar à população.
“O fato de elas não estarem aptas para pronto disparo não significa que esse desvio seja menos perigoso, até porque essas armas nas mãos das pessoas erradas podem fazer um grande estrago para a segurança pública, não só de São Paulo, mas do Brasil.”
As armas roubadas foram desenvolvidas para servir de defesa aérea, terrestre e naval brasileira, mas quando são desviadas, é comum que sejam usadas por quadrilhas, milícias, criminosos especializados em roubar carros-fortes em rodovias.
Na avaliação do Instituto Sou da Paz, por se tratarem de armas muito potentes, não são armas de interesse de uma criminalidade comum, mas de uso tático e, por serem muito caras, devem ter ido para as mãos do crime organizado de maneira premeditada. As características do armamento sugerem crimes relacionados a roubos a banco, ocorrências que envolvem veículos blindados ou mesmo uso de helicópteros, tendo em vista que podem alcançar aeronaves.
Ações como quando bandidos invadem cidades armados com metralhadoras apoiadas em tripés sobre caminhonetes para roubar bancos, é chamada de ‘Novo Cangaço’ e já aconteceu em São Paulo em municípios pequenos.
Além dos riscos para a segurança pública, a organização também chama a atenção para o desvio de recursos públicos, considerando o alto valor dos armamentos.
O Sou da Paz propõe um processo de revisão do controle desses arsenais, tanto do Exército, como de outras instituições de segurança, como as polícias Civil, Militar e Federal.
Entre medidas possíveis de serem implementadas para aumentar a segurança, estão: câmeras de videomonitoramento, controle de entrada e saída física das pessoas com acesso ao arsenal e controles de acesso digitais.
Segundo o Instituto Sou da Paz, esse foi o maior desvio de armas de uma base do Exército brasileiro desde o ano de 2009, quando sete fuzis foram roubados por criminosos de um batalhão em Caçapava, interior de São Paulo. Naquela ocasião a polícia paulista recuperou todas as armas e prendeu suspeitos pelo crime, entre eles um militar.
Até o momento nenhum suspeito pelo sumiço das 21 armas foi identificado ou detido. E nenhuma das armas foi recuperada.