A Confederação Israelita Brasileira, Conib, juntou-se a amplos setores da sociedade, ao repelir o ato antidemocrático de domingo, dia 3, assim como o uso da bandeira de Israel em evento marcado pela agressão a jornalistas por parte de bate-paus bolsonaristas
A declaração assinada por Fernando Lottenberg, presidente da entidade que congrega federações de entidades judaicas em diversos Estados do Brasil, destaca que a “Conib tem um firme compromisso com a democracia e com as liberdades públicas e lamenta a presença de bandeiras de Israel, uma democracia vibrante, em atos em que ocorrem ataques às instituições democráticas”.
Como saudou o portal Judeus pela Democracia, a manifestação da Conib é “importantíssima”. Avaliação com a qual concordamos porque, além da importância de mais um setor da sociedade brasileira se posicionar, vem em boa hora pois até há algum tempo alguns setores desta comunidade não apenas manifestaram seu apoio, mas estavam embevecidos exatamente com a presença das bandeiras de Israel (trazidas por alguns beatos evangélicos fanatizados empenhados em disseminar a exaltação mística e acrítica do Estado de Israel) em comícios de campanha de Bolsonaro, assim como por suas declarações de apoio irrestrito ao governo de Israel e sua ilegal ocupação de terras palestinas. “Estou namorando, antes de noivar e casar com Netanyahu” gostava de pontuar o atual presidente.
Vale lembrar que, ainda no início de sua campanha, não pôde falar na Hebraica de São Paulo, mas foi exercer sua verve doentia e antissocial na malfadada recepção na Hebraica do Rio de Janeiro, com direito a manifestações racistas contra os brasileiros descendentes de africanos escravizados, enquanto, destaque-se, dezenas de integrantes da mesma comunidade judaica carioca bradavam do lado de fora da Hebraica: “Não em nosso nome”.
Agora, com os dentes fascistas à mostra, o bolsonarismo investe contra o Congresso, o Supremo Tribunal Federal e pede “intervenção militar” e a volta do pior momento da ditadura, o famigerado AI5, sob sorrisos, afagos e acenos do seu “mito”.
Faz muito bem o presidente da Conib em se posicionar e alertar a comunidade judaica brasileira a que se distanciar desta insanidade.
O posicionamento da Conib teve ampla repercussão na imprensa e nas redes sociais. A nota foi divulgada pelos portais de notícias UOL, Fórum, Contexto, Brasil247. Entre os portais judaicos, a nota foi republicada pelo portal Judeus pela Democracia e do Observatório Judaico dos Direitos Humanos no Brasil Henry Sobel.
Segue a matéria publicada pela Conib apresentando a declaração de Lottenberg:
Após a exibição de bandeiras de Israel em atos pelo país nos últimos dias que confrontam pilares da democracia brasileira, o presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib), Fernando Lottenberg, divulgou a seguinte nota:
“A comunidade judaica brasileira é plural. Há judeus e judias em todos os campos do espectro político, da direita à esquerda, de centro, apoiadores e opositores do governo. Também entre apoiadores de Israel há uma grande diversidade. O uso constante de bandeiras de Israel, em manifestações como as de ontem, pode passar uma mensagem errada sobre a composição pluralista da comunidade judaica brasileira e representar de maneira equivocada nossa posição em relação à agenda dos manifestantes e do governo. A Conib tem um firme compromisso com a democracia e com as liberdades públicas e lamenta a presença de bandeiras de Israel, uma democracia vibrante, em atos em que ocorrem ataques às instituições democráticas”.
NATHANIEL BRAIA