
“A China se opõe firmemente a isso e já adotou contramedidas necessárias e legítimas para proteger seus direitos e interesses”, declara a cônsul Tian Min, em matéria originalmente publicada pelo jornal Monitor Mercantil, com título “Hegemonismo e política de poder por trás das tarifas” e, devido a sua importância e atualidade, republicada pelo portal Intertelas e pelo jornal Hora do Povo
Boa leitura:
Sob o pretexto da questão do fentanil, os Estados Unidos impuseram novamente tarifas adicionais sobre os produtos chineses exportados para os EUA. A China se opõe firmemente a isso e já adotou contramedidas necessárias e legítimas para proteger seus direitos e interesses. Na realidade, a China não é o único alvo. Os EUA anunciaram também tarifas adicionais para diversos outros países, incluindo alguns da América Latina. O tema das tarifas tem gerado discussão ampla no Brasil. Neste contexto, gostaria de compartilhar as seguintes três observações:
Primeiro, tarifas unilaterais são atos de bullying que prejudicarão gravemente a ordem do comércio internacional. A imposição unilateral de tarifas pelos Estados Unidos é uma prática típica de unilateralismo e protecionismo comercial, que viola as normas da Organização Mundial do Comércio (OMC), prejudica o sistema multilateral de comércio e terá um impacto severo nas cadeias globais de produção e suprimentos, atrasando o processo de recuperação econômica mundial e já tendo gerado forte oposição de vários países. É importante ressaltar que, na guerra comercial ou tarifária, não há vencedores. Tentar resolver os problemas internos dos EUA com tarifas é como beber veneno para matar a sede, e acabará por prejudicar os próprios interesses dos Estados Unidos e os interesses globais.
Segundo, a imposição de tarifas adicionais à China sob o pretexto da questão do fentanil é um ato injusto da transferência da culpa. Nos últimos anos, o abuso de opióides como o fentanil tem sido grave nos Estados Unidos. O Governo dos EUA, em vez de reforçar a sua regulamentação dos medicamentos e a governança social, acusou a China de ser a fonte principal de fentanil e seus precursores químicos. Na realidade, a China é um dos países que têm as políticas antidrogas mais rigorosas e a execução mais eficaz. Em 2019, a pedido dos Estados Unidos, a China já se tornou o primeiro país do mundo a incluir todas as substâncias relacionadas ao fentanil na gestão.
CHINA CONTROLA O FENTANIL
Recentemente, a China publicou o livro branco intitulado “Controlar as Substâncias Relacionadas ao Fentanil – Contribuição da China“, que fez explicações autorizativas sobre os grandes esforços e inovações feitas pela China no controle dessas substâncias, através do qual a comunidade internacional pode conhecer de forma integral a posição, as ações e as conquistas da China nesta área. O problema do fentanil é algo que os Estados Unidos precisam enfrentar e resolver por si mesmos.
A China, movida pelo espírito humanitário, tem prestado apoio aos Estados Unidos sobre a questão do fentanil. Os Estados Unidos não devem retribuir o bem com o mal, nem devem usar isso como pretexto para impor tarifas adicionais. Isso não é um comportamento adequado de uma grande potência responsável. No entanto, se os Estados Unidos insistirem em travar uma guerra tarifária ou comercial, o povo chinês está preparado para lutar até o fim.
Terceiro, o hegemonismo e a política de poder do “America First” estão por trás da espada das tarifas pendendo sobre as cabeças dos outros países. Se ao hegemonismo for permitido correr desenfreado, o mundo voltará para a lei da selva, e os países pequenos e fracos serão os primeiros a sofrer, e a ordem das regras internacionais será seriamente afetada. Só defendendo firmemente o multilateralismo e o sistema de comércio multilateral baseado em regras, com a Organização Mundial do Comércio no seu núcleo, os países podem alcançar o desenvolvimento comum, a prosperidade e a estabilidade compartilhadas.
A China e o Brasil são ambos defensores do multilateralismo, contribuintes para o desenvolvimento global e beneficiários do processo de globalização. Os países do Sul Global, incluindo a China e o Brasil, devem se opor juntos ao hegemonismo e à política de poder, defender os interesses comuns dos mercados emergentes e dos países em desenvolvimento, e trabalhar juntos para construir uma economia mundial aberta e defender a justiça e a equidade internacional.
Há um ditado na América Latina que diz: “A pressão faz diamantes”. Os Estados Unidos estão usando tarifas como instrumento de exercer pressão máxima. A China transformará essa pressão externa numa força motriz poderosa para impulsionar o seu desenvolvimento de alta qualidade. O Sul Global também deve se unir e se esforçar para se tornar mais forte. O Brasil sediará no ano corrente a Cúpula do BRICS, o qual está se tornando um forte pilar da cooperação do Sul Global e um motor de crescimento. Estamos dispostos a, junto com o Brasil e outros países dos BRICS, ampliar e fortalecer ainda mais o “grande BRICS”, dando mais impulso ao desenvolvimento do Sul Global e injetando mais energia positiva para o desenvolvimento global.
TIAN MIN – Cônsul-geral da China no Rio de Janeiro