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O coordenador da sede da Funai no Vale do Javari (AM), Leandro Ribeiro do Amaral, pediu para deixar o cargo motivado pelo aumento da tensão na região depois do assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, no início do mês junho.
Há relatos de ameaças sofridas no órgão. Tanto servidores, quanto indígenas e moradores da região têm denunciado a sensação de grande insegurança que paira desde antes dos assassinatos e como isso se intensificou com o início das investigações do caso.
Leandro Ribeiro Amaral era o coordenador substituto da Frente de Proteção Etnoambiental Vale do Javari da Funai. Ele deixou o cargo no último dia 18 de julho, segundo consta na publicação feita no Diário Oficial da União da última quarta-feira (27), assinada pelo presidente da Fundação, Marcelo Augusto Xavier da Silva.
Amaral nasceu no interior de São Paulo, é graduado em história pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), se tornou mestre em preservação do patrimônio cultural pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e está na Funai desde 2018, onde atuou no Vale do Javari e conheceu e se tornou amigo de Bruno Pereira. Ele atuava de fato como coordenador da Frente desde abril de 2021. A ocupante anterior do cargo, também interina, Idenilda Obando de Oliveira, foi transferida para a coordenação regional do Alto Solimões (AM).
Com a saída de Amaral do cargo, essa é a sexta vez, durante o governo Bolsonaro, que há uma mudança no cargo, o que demonstra o alto grau de instabilidade administrativa na área, que é provocada pelas constantes decisões de mudança no comando da Funai.
A Frente de proteção etnoambientais do Javari está sem titular desde novembro de 2020, após um titular ter sido nomeado e ficado no cargo apenas três meses. Desde então, a Frente tem sido sempre ocupada por substitutos, interinos. O presidente da Funai nunca foi a região, nem mesmo após os assassinatos de Bruno e Dom.
Sobre a saída de Amaral, a Funai ainda não se posicionou e também nada manifestou sobre à insegurança relatada por servidores na região, que recentemente denunciaram a visita de colombianos à sede. Segundo servidores, esses colombianos perguntaram pelo coordenador e, também, fizeram questionamentos em relação ao assassinato de Dom Phillips. Depois disso, um documento interno foi enviado pedindo reforço na segurança ao Ministério da Justiça e Segurança Pública. Na época, a Funai disse que um efetivo extra havia sido mobilizado ao órgão, mas nada além disso.
ASSASSINATO DOM E BRUNO
Suspeitos de financiar caça e pesca ilegais, até o momento três homens foram presos, acusados de participação direta nos assassinatos de Dom e Bruno. São réus: Amarildo da Costa Oliveira, vulgo Pelado, Jefferson da Silva Lima, o Pelado da Dinha, e Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como Dos Santos.
Além do trio, outro homem, identificado como Rubens Villar Coelho, amplamente conhecido na região do Vale do Javari como Colômbia, também foi preso ao comparecer em sede policial com documentos falsos; ele, que é peruano apesar do apelido, é apontado como grande financiador da pesca e caça ilegais no Vale do Javari e também é investigado por participação no assassinato do indigenista e ex-servidor da Funai Maxciel Pereira dos Santos, em 2019. A Polícia Federal suspeita que ele também possa ter encomendado as mortes de Bruno Pereira e Dom Phillips.
As investigações mostram que Colômbia comanda uma balsa de compra de pescado na cidade peruana de Islândia, que fica a poucos quilômetros de Atalaia do Norte (AM).
Testemunhas disseram à polícia que Colômbia tem um “grande poder aquisitivo” e é o responsável por comprar todos os pescados e carnes de caça da região. Em recente cumprimento a mandado de busca e apreensão, policiais federais encontraram diversos documentos falsos em um endereço ligado ao Colômbia.