Investigado por fake news sobre enchentes no RS, Cleitinho (Republicanos-MG) entra e filma local sem autorização e diz “fiscalizar doações”
A PF (Polícia Federal) foi acionada pelos Correios após o senador bolsonarista Cleitinho (Republicanos-MG) invadir, na última terça-feira (30), o centro de distribuição da empresa em Contagem (MG), segundo informações da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.
Depois de 1 ano e 6 meses de mandato, o senador ainda não entendeu o papel de senador da República. A bem da verdade, é exigir muito de um bolsonarista tal discernimento. Alguém precisa orientá-lo, pois com essa prática presta, na verdade, desserviço aos eleitores e ao Estado.
Ele ignorou as orientações dos funcionários e passou por baixo da catraca, o senador filmou o interior do local sem autorização, alegando fiscalizar doações ao Rio Grande do Sul.
O vídeo da invasão foi divulgado pelo próprio senador nas redes sociais.
INFRINGIU NORMAS DE SEGURANÇA
Em comunicado, os Correios reforçam que a gravação de imagens dentro das instalações da empresa é estritamente proibida.
“Nossas normas de segurança, notadamente para áreas de armazenamento e tratamento de cartas e encomendas, proíbem, inclusive para empregados, a realização de fotos e filmagens do interior das instalações, sempre com o intuito de resguardar o sigilo de correspondências”, assinala a nota emitida pela empresa.
A publicação de fotos e vídeos internos, de acordo com os Correios, pode trazer riscos ao “processo de prevenção a fraudes, furtos e roubos nas instalações, já que malfeitores podem ter conhecimento prévio da carga, estrutura interna, disposição de recursos de segurança”.
AÇÃO INFUNDADA
Cleitinho, ao telefone com indivíduo não identificado, foi informado de que seria notificado por ter tentado acessar o galpão sem autorização.
A empresa estatal, após ser questionada, declarou que adotou todas as medidas necessárias.
“Vivemos em um Estado Democrático de Direito e todos estamos sujeitos ao império da lei, inclusive as altas autoridades”, alertou a instituição.
Por seu lado, a assessoria de um parlamentar levantou suspeitas sobre a gestão das doações destinadas às vítimas das catástrofes naturais, sob alegação que “recebeu denúncias” que os recursos “não estavam sendo distribuídos adequadamente”.
INVESTIGADO POR FAKE NEWS
Em maio, a PF abriu inquérito para investigar a disseminação de notícias falsas sobre as doações no Rio Grande do Sul. Entre os alvos, estavam, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-RJ), o influenciador de extrema-direita Pablo Marçal e Cleitinho.
PAPEL DO SENADOR
O senador mineiro não queria investigar nada. Ele queria mesmo é “lacrar” para ganhar “likes”. Se ele de fato quisesse investigar a denúncia, que disse ter recebido, teria apresentado requerimento de informações à alguma comissão do Senado para que a empresa respondesse. Ou, mesmo, acionado a Polícia federal para investigar.
A empresa teria 1 mês para responder, obrigatoriamente, o requerimento de informações. Sob pena de crime de responsabilidade. Essa prática não passa de populismo barato, que mais desqualifica a política e o mandato do que qualquer outra coisa.
O senador também poderia fazer a demanda aos Correios por meio a LAI (Lei de Acesso à Informação).
Caso a empresa não atendesse ao pedido de acesso à informação, o senador poderia apresentar reclamação dirigida à Ouvidoria-Geral do Estado, que deveria se manifestar no prazo de 15 dias, contados do recebimento da reclamação.
M. V.