![](https://horadopovo.com.br/wp-content/uploads/2022/07/CPI-Marcos-Oliveira-Agencia-Senado.jpg)
“Esta decisão é uma vergonha para a instituição”, afirmou Omar Aziz (PSD-AM), que foi presidente da comissão. “A blindagem, às vésperas da eleição, não surpreende ninguém”, disse Renan Calheiros (MDB-AL), relator
Os senadores que conduziram a CPI da Covid-19 entraram com um pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) contestando o arquivamento, por parte da Procuradoria-Geral da República (PGR), das investigações contra Jair Bolsonaro e seus aliados por seus crimes e omissões no combate à pandemia.
A CPI reuniu provas de que Jair Bolsonaro cometeu pelo menos nove crimes por ter se omitido, incentivado a não proteção e mentido sobre a eficácia da cloroquina, mas a subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, não viu nada de errado.
O senador Omar Aziz (PSD-AM), que foi presidente da CPI, afirma que o pedido de arquivamento é um “desrespeito” à memória das vítimas.
“Sempre disse que a CPI não buscava vingança. Sei que o trabalho da comissão produziu resultados importantes. Garantimos vacinas nos braços dos brasileiros, lutamos pela vida e investigamos com muita seriedade absurdos cometidos pelo chefe do Executivo, ministros e assessores, num trabalho que se desenvolveu sob o olhar atento de milhões de cidadãos. A PGR precisa prestar satisfações à população. Esta decisão é uma vergonha para a instituição”, afirmou, por meio de nota.
“Augusto Aras [procurador-geral da República], com este ato, se torna cúmplice dos crimes cometidos e rebaixa a PGR à condição de cabo eleitoral de Bolsonaro”, diz Randolfe
O vice-presidente da Comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), declarou que os pedidos de arquivamento pela subprocuradora são um “insulto” às vítimas e disse que vai contestar no STF a decisão da Procuradoria-Geral da República de pedir o arquivamento.
“Isso é um insulto às quase 700 mil vítimas da Covid-19 no país. Augusto Aras [procurador-geral da República], com este ato, se torna cúmplice dos crimes cometidos e rebaixa a PGR à condição de cabo eleitoral de Bolsonaro. Não aceitaremos e recorreremos, por todos os meios, desta decisão”, escreveu em uma rede social.
O senador Renan Calheiros (MDB-AL), que foi relator da Comissão, disse que a PGR, depois de fazer “ilusionismos jurídicos por quase um ano”, “sugere engavetar as graves acusações contra Bolsonaro”.
“A blindagem, às vésperas da eleição, não surpreende ninguém”, disse. A PGR abriu “apurações preliminares”, que não são sequer investigações, para dizer que não viu nenhum indício de crime.
Sete senadores que participaram da CPI apresentaram um pedido ao STF para que o engavetamento da PGR seja revertido e Lindôra Araújo seja investigada por prevaricação, isto é, por não cumprir com sua função em cargo público.
Pedem também “a imediata não interrupção indevida das apurações preliminares, a não determinação de arquivamento dos procedimentos investigativos pelo STF e a determinação de sua continuidade, até que se conclua a apuração quanto aos fatos narrados neste pedido”.
Os senadores também exigem que o procurador-geral da República, Augusto Aras, que foi indicado para o cargo por Jair Bolsonaro, se manifeste sobre o caso, “a fim de impedir a atuação de sua testa de ferro nas referidas apurações”.
Caso Augusto Aras confirme que a PGR irá se omitir de investigar Jair Bolsonaro e seu governo, os senadores pedem que o Conselho Superior do Ministério Público Federal (MPF) indique um subprocurador-geral para investigar os crimes apontados pela CPI da Pandemia e promover uma ação contra Augusto Aras “para apuração dos ilícitos por ele cometidos”.
O documento é assinado pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), pelo vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), pelo relator por Renan Calheiros, e pelos senadores Humberto Costa (PT-PE), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Fabiano Contarato (PT-ES) e Otto Alencar (PSD-BA).
Jair Bolsonaro chamou a Covid-19 de “gripezinha”, incentivou a população a não usar máscara e a se aglomerar, pregou a suposta imunidade de rebanho, disse, de forma mentirosa, que a cloroquina era uma droga que funcionava no tratamento da doença e recusou, diversas vezes, ofertas de vacinas.
O resultado oficial é a morte de mais de 677 mil pessoas.
Em abril de 2021, quando Bolsonaro realizava encontros sem máscara com seus apoiadores e disseminava mentiras nas redes sociais, mais de três mil pessoas morriam em um único dia.