A instituição do 1º de Maio como Dia Internacional do Trabalhador é uma homenagem eterna aos mártires de Chicago, na luta pelas oito horas de trabalho, ainda em 1886
Este ano, o 1º de Maio reúne, de maneira virtual, convidados pelas centrais sindicais, os ex-presidentes FHC e Lula, a ex-ministra Marina Silva, o ex-governador do Ceará e ex-ministro Ciro Gomes, e o governador do Maranhão, Flávio Dino. O governador de São Paulo, João Doria, também foi convidado e gravou para o ato, todavia, a CUT ameaçou se retirar. Então, o representante da Nova Central, Sebastião Soares, defendeu que fosse anunciado o apoio de Doria ao 1º de Maio, destacando sua atuação no confronto com Bolsonaro na questão da pandemia, também como líder político que fortalece a luta contra o inimigo comum que é o atual presidente.
Doria irá aparecer no vídeo recebendo em audiência os sindicalistas e sendo destacada, pelo locutor, sua atuação na vacinação dos brasileiros. Miguel Torres, Presidente da Força Sindical afirmou: “Nós sabemos da importância do governador Doria. O governador Doria enfrentou o negacionismo. Pôs o Instituto Butantan para ser a grande locomotiva do Brasil. Para Wagner Gomes, secretário-geral da CTB, “para vencer a pandemia e o fascismo só com uma frente bem ampla, unindo todos que são a favor da democracia da saúde”. Participarão, também, presidentes de partidos, artistas e intelectuais.
Terra arrasada
Segundo Ubiraci Dantas, presidente da CGTB, “já são mais de 395 mil mortos pelo coronavírus, por irresponsabilidade do governo Bolsonaro. Ele sabota a produção de vacina, impediu a compra no ano passado de 70 milhões de doses. Fez provocações durante quase todo ano passado contra o governo da China, mandou uma equipe de verdadeiros bobos da corte, com o dinheiro do povo, a Israel, para analisar um spray que não existia e voltaram de mão abanando. Provoca aglomerações, age contra o uso de máscara e é contra o isolamento social”.
Para Bira, “Doria tem denunciado o negacionismo do governo e o genocídio imposto pelo impostor Bolsonaro. Então não devemos vetar nem barrar ninguém que está contra esse desgoverno do Bolsonaro, como estão querendo setores da CUT”.
A Plataforma
O 1º de Maio é pela Democracia, pela vacina, por um auxílio emergencial decente de 600 reais e pelo emprego. Para Miguel Torres, a fome já chegou. “O auxílio emergencial de 200 reais é insuficiente para manter minimamente as pessoas sobrevivendo. Estamos falando de trabalhadores informais, desempregados. As centrais sindicais estão batendo muito nisso. Temos que elevar este auxílio emergencial para 600 reais minimamente, enquanto durar a pandemia. Estamos pedindo aos deputados federais e senadores que coloquem para votar a medida provisória do auxílio emergencial. Nós sabemos que se levar essa votação, a sociedade vai ter condições de participar, de pressionar, de convencer os deputados e senadores”, disse.
“Nós precisamos também de uma proteção às pessoas que estão trabalhando. Tem aquele programa de proteção ao emprego que foi efetivado pela medida 936, que incluiu redução de jornada com redução de salário e a suspensão do contrato de trabalho. O Estado financia parte da folha de pagamento das empresas. Isso ajudou muito as empresas a não fecharem. As linhas de crédito para micros, pequenas e médias empresas, têm que ser destravadas. É lógico que a gente tem que pensar no futuro do país. Que a gente tem que estar discutindo um Programa Nacional de Desenvolvimento com geração de emprego de qualidade”, ressaltou Miguel.
Para Adilson Araújo, presidente da CTB, “é verdade que a gente não conseguiu fazer as reformas de base. Pagamos um preço alto e passamos a conviver com uma agenda de retrocessos, que vão desde a Emenda Constitucional 95, que impôs restrições ao investimento público, contingenciamento das verbas da Saúde, Educação, Segurança, moradia popular, asfixia de Estados e municípios e, em seguida, a agenda de retrocessos, a reforma trabalhista, a terceirização generalizada e restrita, a reforma da Previdência e um bocado de penduricalhos. A classe trabalhadora assistiu de alguma forma a legitimação do golpe do capital contra o trabalho”, afirmou Adilson.
“Para virar a página, fortalecer o mercado interno: dobrar o Salário Mínimo”.
De acordo com José Reginaldo, presidente da Nova Central, “dobrar o salário mínimo é fundamental, primeiro porque é uma referência (para todos os salários) no sentido de fortalecer o mercado interno”.
No 1º de Maio de 1938, Getúlio Vargas anunciou a instituição do salário mínimo, que passou a vigorar a partir de 1941. Disse Getúlio: “Por isso, a Lei do Salário Mínimo, que vem trazer garantias ao trabalhador. Era uma necessidade que há muito se impunha. Como sabemos, em nosso país, o trabalhador, principalmente o trabalhador rural, vive abandonado, percebendo uma remuneração inferior às suas necessidades. Torna-se necessário, em simultâneo, que, pelo trabalho, se lhes garanta a casa, a subsistência, o vestuário, a educação dos filhos. O operário não pode viver ganhando, apenas, o indispensável para não morrer de fome!”.
O Dieese estima que para atender estas necessidades básicas, para sustentar uma família de quatro pessoas, o salário mínimo deveria ser de R$ 5.500,00. O salário mínimo hoje é de R$ 1.100,00. Quase a metade do salário mínimo do Paraguai. Está atrás do Panamá, é a metade do Equador. Esse salário é um salário de fome. Se o casal trabalhar, o que é hoje o mais comum, uma conquista, precisaria pelo menos dobrar o salário mínimo, em termos reais.
Juiz Classista
Reginaldo abordou ainda a questão da extinção da representação classista: “Aproveito a oportunidade para dizer sobre o prejuízo que foi você deixar de ter quadros preparados do movimento sindical na magistratura, como representação da classe trabalhadora”.
“O juiz classista, para nós, é referência, porque leva para dentro da Justiça os que podem de fato rever decisões contra a classe trabalhadora”, lembrou.
CLT
O dirigente argumentou, ainda, que “é uma falácia que a CLT é cópia da Carta del Lavoro. Isso é não admitir que ela, literalmente, tem a sua raiz em revoluções fundamentais que transformaram a história da humanidade, a revolução mexicana, a revolução russa. Então, são elementos que mostram que a nossa legislação trabalhista tem suas raízes literais radicalmente instadas como estrutural nessas revoluções que mudaram a história da humanidade para melhor”, completou Reginaldo.
CARLOS ALBERTO PEREIRA