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De acordo com a Sondagem Industrial, os empresários relataram redução da produção mais intensa que em anos anteriores, assim como no número de pessoas empregadas na indústria
A “demanda interna insuficiente” é apontada como um dos principais problemas enfrentados pela indústria no terceiro trimestre deste ano, segundo a Sondagem Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), seguida pela alta carga tributária e as elevadas taxas de juros.
De acordo com a pesquisa, a produção industrial e o emprego recuaram em setembro em relação a8 agosto.
Em setembro de 2023, o indicador de evolução da produção industrial da CNI ficou em 6,4 pontos – abaixo da linha divisória de 50 pontos, o que indica que houve uma redução da produção no período, frente à produção registrada em agosto. O indicador se encontra 2,5 pontos abaixo da média histórica para os meses de setembro da série, de 48,9 pontos.
“Embora seja esperada uma redução da produção na passagem de agosto para setembro, o recuo observado pelos empresários em setembro de 2023 foi mais expressivo e disseminado que o usual para o período.
Na série histórica, iniciada em 2012, apenas nos anos de 2015 e 2016 [um período de recessão econômica] foram registrados resultados inferiores ao atual, para o mês de setembro”, destacou a CNI em seu relatório.
Já o índice de evolução do número de empregados na indústria registrou 49,3 pontos em setembro, ficando também abaixo da linha dos 50 pontos, o que indica, em setembro, uma redução no número de pessoas empregadas em relação a agosto.
“Esse cenário de demanda fraca e estoques crescendo além do planejado faz com que os empresários segurem a produção e adiem a contratação de pessoas na indústria”, diz o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo.
O índice de Utilização da Capacidade Instalada (UCI) ficou em 70% em setembro. Já o índice de utilização da capacidade instalada efetiva em relação ao usual atingiu 42,5 pontos no período analisado. Assim, o índice registrou, pelo terceiro mês consecutivo, um valor abaixo das médias dos respectivos meses.
Por sua vez, o indicador de evolução do nível de estoques de produtos finais da indústria geral atingiu 50,8 pontos em setembro. Por se encontrar acima da linha de 50 pontos, o resultado indica que houve crescimento dos estoques entre agosto e setembro. O indicador de estoque efetivo em relação ao usual bateu a marca de 52,2 pontos no mês, após avançar 0,8 ponto em relação ao resultado de agosto, indicando que o nível de estoques se distanciou do planejado para o período. Esse índice se encontra 1,9 ponto acima da média histórica dos meses de setembro da série, de 50,3 pontos.
No terceiro trimestre de 2023, o indicador de satisfação com o lucro operacional registrou 45,3 pontos, abaixo da linha divisória, o que indica insatisfação dos empresários industriais. Por outro lado, a satisfação com a situação financeira atingiu 50,3 pontos, após recuar 0,5 ponto entre o segundo e o terceiro trimestres do ano.
De acordo com este indicador, ainda, entre portes de empresas, todos os índices apresentaram recuo de 0,5 ponto, entretanto, apenas o indicador para grandes empresas se encontra acima da linha divisória de 50 pontos.
O indicador de facilidade de acesso ao crédito ficou em 41,2 pontos, após avanço de 0,4 ponto em relação ao segundo trimestre. “[Isso] indica que a percepção de dificuldade de acesso ao crédito se dá de forma menos intensa e disseminada, explica a CNI. “O avanço, porém, não foi observado entre pequenas e grandes empresas, cujos índices recuaram, respectivamente, 0,2 e 0,3 ponto; apenas o índice para médias empresas avançou, em 2,2 pontos”.
A CNI também apontou em seu relatório que os preços de matérias primas se elevaram no terceiro trimestre de 2023. O índice de evolução do preço de matérias primas atingiu 52,6 pontos no período, indicando um aumento nesses preços.
De agosto de 2022 a agosto de 2023, o Banco Central manteve a taxa básica de juros Selic em 13,75% ao ano com o objetivo de restringir a demanda de bens e serviços, os investimentos e a geração de emprego no país. Hoje, após dois cortes de apenas 0,5 pontos percentuais, a taxa Selic está em 12,75% e as estimativas para o segundo semestre não são nada otimistas.
De acordo como o Boletim Macro da FGV/Ibre, a indústria de transformação vai encerrar o ano negativa em -0,9%
Para o presidente eleito da CNI, Ricardo Alban, o Banco Central (BC) “exagerou” ao elevar a taxa básica de juros (Selic). “Que o Banco Central, seguramente ao nosso ver, exagerou no remédio!”, afirmou. “Nós precisamos ter uma forma mais célere de reduzir a taxa de juros”, completou, em entrevista ao Poder 360.