Deu tudo errado. Paulista vazia e nem o som com a sua mensagem funcionou direito. Cartazes pedindo o AI-5 e a cabeça dos ministros do STF eram vistos nas mãos dos manifestantes
Nada funcionou direito nos planos de Bolsonaro para este primeiro de maio. Mesmo tendo feito um grande esforço, inclusive usando ilegalmente a máquina pública, para convocar seus seguidores a apoiá-lo e ao seu deputado condenado, fracassaram os atos eleitorais de Brasília e de São Paulo. Nem a transmissão de sua mensagem no telão aos paulistas funcionou. Deu pane no som.
Sem nada para apresentar ao trabalhador a não ser as altas taxas de desemprego, arrocho salarial, miséria e inflação descontrolada, Bolsonaro balbuciou frases soltas sem sentido e interrompidas pela falha do som. “Eu irei onde vocês estiverem, estarei sempre ao lado da população brasileira”, disse. Seus assessores escreveram essa mensagem, que não podia ser muito extensa, para ele não dizer as besteiras que está acostumado e, depois, ter que pedir desculpas, como ocorreu no “7 de Setembro” do ano passado.
Na mesma linha de não ter soluções para o Brasil, se limitou a dizer que seu governo acredita em Deus. Deve ser por isso que seus integrantes andam armados e saem dando tiros em aeroportos do país. Logo depois de rasgar a Constituição para acoitar o deputado condenado que ameaçou cortar a cabeça de Alexandre de Mores, ele disse que saudava uma “manifestação em defesa da Constituição”.
Ou seja, além de não ter nada a dizer ao povo brasileiro, Bolsonaro não tem o menor compromisso com a verdade. É ele que está querendo rasgar a Constituição.
Nenhuma figura política com algum peso apareceu na Avenida Paulista. Não parecem animados, nem com a campanha e nem com os arroubos golpistas do “mito”.
As faixas e cartazes carregadas pelos bolsonaristas repetiam as ameaças criminosas de Daniel Silveira ao Supremo Tribunal Federal.
“TSE é um partido político inimigo do Brasil”, dizia um deles. “Juízes da Suprema Corte são bandidos”, dizia outro. “Solução é o AI-5!” e assim por diante. Esse é o pessoal que Bolsonaro diz “ser do bem que vai vencer o mal”.
Daniel Silveira é um deputado fascista que foi condenado, por dez votos a um, pelo plenário do Supremo a oito anos e nove meses de prisão por ameaçar a vida de ministros do Supremo Tribunal Federal. Em um de seus vídeos, Silveira convoca as pessoas para invadir o STF para cortar a cabeça do ministro Alexandre de Moraes e colocá-la numa lata de lixo. No dia seguinte à condenação, Jair Bolsonaro desrespeitou a Constituição e deu um indulto ao deputado.
Alexandre de Moraes, rebateu Bolsonaro e disse que “a desinformação não é ingênua, mas criminosa, servindo ou para o enriquecimento ou para a tomada do poder”. “Nós não vamos aceitar desinformação. Não vamos aceitar a atuação de milícias digitais nas eleições de 2022. Nós não iremos aceitar fake news, não iremos aceitar notícias fraudulentas sobre supostas fraudes. Nós vamos de forma transparente, rígida e segura mostrar que a população pode e deve acreditar nas urnas eletrônicas”, comentou o ministro.
Leia a íntegra da declaração dada por Bolsonaro na Paulista:
Boa tarde a todos da Paulista.
Uma satisfação muito grande poder cumprimenta-los nessa manifestação pacífica em defesa da constituição, da família e da liberdade.
Devo lealdade a todos vocês, temos um governo que acredita em Deus, respeita os seus militares defende a família e deve lealdade ao seu povo.
Eu irei onde vocês estiverem, estarei sempre ao lado da população brasileira. Agradeço ao criador pela minha vida e a muitos de vocês por ter acreditado e ter me ofertado essa missão de conduzir o destino do Brasil.
Muito obrigado a todos vocês.