O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou durante a reinauguração do Museu da Língua Portuguesa, que vai pedir ao governo federal a transferência da administração da Cinemateca Brasileira à gestão estadual paulista. A instituição, que é de responsabilidade do Ministério do Turismo, está sem contrato de gestão desde 31 de dezembro de 2019 e um galpão que guarda a memória do cinema nacional, pegou fogo na quinta-feira (29) na capital paulista.
Segundo Doria, o pedido será enviado pelo secretário estadual da Cultura, Sérgio Sá Leitão, nesta segunda-feira (2). O pedido será para que a Cinemateca passe para a administração do governo paulista, em conjunto com a Prefeitura de São Paulo.
“A Cinemateca há muito tempo deveria ter sido transferida para a gestão do estado ou do município. Ela está aqui e é muito presente na vida cultural de São Paulo, apesar de servir ao país todo”, afirmou Doria. “Aqui nós cuidamos muito melhor da cultura do que no governo federal”, completou, em clima de disputa política com a gestão de Jair Bolsonaro (sem partido).
No dia 29, Doria já havia condenado a destruição do galpão da Cinemateca qualificando-o como um “crime contra a cultura”.
“O incêndio na Cinemateca de São Paulo é um crime com a cultura do país. Desprezo pela arte e pela memória do Brasil dá nisso: a morte gradual da cultura nacional”, escreveu Doria, em seu perfil no Twitter.
Ricardo Nunes (MDB), prefeito da capital paulista, disse ainda ter solicitado uma vistoria no prédio atingido pelas chamas e também na sede principal da Cinemateca, que fica na Vila Clementino, para “contribuir na prevenção de futuros problemas”.
Deputados denunciam “destruição intencional” pelo governo Bolsonaro
Deputados que fazem oposição ao governo Bolsonaro anunciou que vai apresentar na Procuradoria-Geral da República (PGR) uma representação criminal contra a Secretaria de Cultura do governo federal e o secretário Mario Frias, por causa do incêndio no galpão da Cinemateca de São Paulo.
Os deputados pedem que a Secretaria de Cultura do governo federal e o secretário Mario Frias sejam responsabilizados por omissão e a garantia de preservação do que não foi destruído no incêndio.
“Nós, deputados da Oposição, vamos representar criminalmente contra a Mário Frias, esse descerebrado que destrói a Cultura brasileira, pela destruição intencional da Cinemateca Brasileira”, Orlando Silva (PCdoB-SP).
A representação foi assinada por: Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Alice Portugal (PCdoB-BA), Benedita da Silva (PT-RJ), Maria do Rosário (PT-RS), Tadeu Alencar (PSB-PE), Lídice da Mata (PSB-BA), Sâmia Bonfim (PSOL-SP), Alexandre Pailha (PT-SP), Áurea Carolina (PSOL-MG), Orlando Silva (PCdoB-SP), Chico D’Angelo (PDT-RJ), David Miranda (PSOL-RJ) e Túlio Gadêlha (PDT-PE), Paulo Teixeira (PT-SP) e Benedita da Silva (PT-RJ). A maioria integra a Comissão de Cultura da Câmara.