Marcelo Freixo, Fernanda Melchionna, Sâmia Bomfim e Davi Miranda reagiram à declaração da parlamentar
A deputada Fernanda Melchionna (RS), ex-líder da bancada do PSOL na Câmara, rebateu uma mensagem da deputada Luiza Erundina (PSOL-SP) acusando o partido de “fisiologismo” e de fazer “barganha” para cargos na Mesa da Casa.
Erundina foi escolhida candidata do partido à presidência da Câmara após uma votação na bancada que terminou em empate – 5 a 5. Coube à direção nacional decidir pelo lançamento da candidatura própria.
Segundo Erundina, “é lamentável que o PSOL negocie suas convicções e compromissos políticos históricos ao aderir ao fisiologismo e à barganha por cargos na Mesa da Câmara”. “Essa é uma prática dos partidos de direita com a qual eu não compactuo”, completou.
“Lamentável é esse tuite. Muito feio que a senhora ataque quem não acha a tática correta lançar candidato nesse cenário da eleição da Câmara. Mesmo que sua posição tenha vencido e o PSOL tenh uhuuuuuua lançado seu nome, isso não lhe autoriza a atacar o PSOL. Todos nós temos história”, rebateu Melchiona pelo Twitter.
“O fato de a senhora ter rompido com o PT para ser ministra de Itamar nos anos 90 não autoriza ninguém a lhe acusar de fazer a política baseada em busca de cargos. Da mesma forma respeite quem no PSOL defendeu que desde o primeiro [momento] um voto tático antibolsonaro”, completou.
Outros deputados – Marcelo Freixo (RJ), Sâmia Bomfim (SP) e Davi Miranda (RJ) – também responderam.
A atual líder da bancada psolista, deputada Sâmia Bomfim (SP), também respondeu à Erundina, destacando a necessidade de combater Bolsonaro. Sâmia votou para que o partido integrasse o bloco democrático com Baleia Rossi para derrotar Bolsonaro.
“Nossa posição perdeu na discussão interna do PSOL e o partido terá candidatura própria. Todos os deputados assim votarão, mesmo discordando. O Br tem 200 mil mortos por covid, não há vacinas, precisamos derrubar Bolsonaro. É sobre isso que deveríamos despender nossas energias”, escreveu.
E completou: “Respeito a Erundina. Mas ela erra em tornar uma divergência tática numa acusação grave ao partido. Já questionei quem está negociando e quais são os cargos. Não obtive resposta. Nem obterei, pois a posição divergente é fruto de análise política, não de fisiologismo”.
Já o deputado Marcelo Freixo, que chegou a disputar a Presidência da Câmara pelo PSOL, em 2019, na eleição que escolheu Rodrigo Maia, afirmou em seu Twitter: “Respeito muito a história de Luiza Erundina, apesar de discordar do lançamento da sua candidatura à presidência da Câmara. Mas é inaceitável insinuar que a defesa da entrada do PSOL no bloco democrático p/ derrotar Bolsonaro passa pela negociação de cargos. Isso não é verdade”.
E continuou: “O fato é que a entrada do PSOL na coalizão junto com os demais partidos de esquerda daria maioria ao bloco e impediria que a Comissão de Constituição e Justiça e o Conselho de Ética, por exemplo, ficassem nas mãos de aliados de Bolsonaro”.
Esclareceu, ainda: “Importante dizer que esses cargos não ficariam com o PSOL e nem Erundina teria necessariamente que retirar a sua candidatura, porque o partido pode entrar no bloco e mesmo assim lançar candidato. O momento exige maturidade e responsabilidade. É isso que o Brasil espera de nós”.
O deputado Davi Miranda (RJ) também se manifestou.
“Recorrer a este tipo de ilação absolutamente infundada é lamentável. Erundina tem uma história bonita, mas já se equivocou grosseiramente algumas vezes. Já foi ministra de governo burguês (Itamar) e já teve como vice ninguém menos que Michel Temer”, declarou pelo Twitter.
“Sabemos que ela não fez isso por cargos; foram erros políticos, como erra agora com a tática isolacionista de candidatura própria. Vamos manter a calma e fazer o debate em alto nível. Por esse caminho, a candidatura de uma companheira tão importante vai mal”, completou o parlamentar.
Vários outros seguidores dos parlamentares que reagiram ao posicionamento de Erundina se manifestaram assinalando ter respeito pela ex-prefeita de São Paulo e discordando da posição da candidatura própria.
“D. Erundina, com muito respeito pela Sra, porém política é isso, a sua candidatura enfraquece a esquerda, favorece ao miliciano, estamos cansados, precisamos de união Mãos dadas”, escreveu uma seguidora de nome Maria Cunha.
“Com todo respeito, feio é a senhora dividir votos uma hora dessas numa eleição tão decisiva como essa. O único beneficiado com isso é o candidato do Bolsonaro. Parabéns por ajudar a afundar o país um pouco mais”, disse outro seguidor identificado como “Decepcionadø feat. Alves”.
Os deputados psolistas contrários à uma candidatura própria estão cobertos de razão.
A construção de uma frente ampla e plural de oposição para a eleição do novo presidente da Câmara dos Deputados, reunindo partidos de matizes político-ideológicos diversos, é sem dúvida a melhor opção para enfrentar e vencer o candidato bolsonarista.
É preciso unir forças para derrotar o inimigo comum na eleição que se avizinha.
E o inimigo comum a ser derrotado não é necessariamente Arthur Lira, mas o fascista bolsonaro, a quem Lira serve.
Bolosonaro já aparelhou quase todo o Estado em benefício próprio e de sua família.
Agora o presidente pretende controlar a Câmara.
Com Arthur Lira no comando, a Câmara perderia a sua independência, e a pauta legislativa seria definida pelo presidente da República, o que levaria o país a um retrocesso civilizacional sem precedentes, com a imposição de um a agenda ultraconservadora e a votação desnecessária de temas envolvendo família e educação (“pauta de costumes”), além da volta do voto impresso e outras sandices.
Portanto, calma dona Erundina, o momento é de harmonia e união.
Ou como diz Marcelo Freixo: “O momento exige maturidade e responsabilidade. É isso que o Brasil espera de nós”.