A bancada do PSOL na Câmara dos Deputados pediu ao Ministério Público Federal (MPF) que abra uma investigação sobre o interesse de integrantes do chamado “gabinete do ódio” por um software de espionagem denominado DarkMatter.
A suspeita é que a ferramenta poderia ser usada contra a imprensa e opositores do governo nas eleições de 2022.
O “gabinete do ódio” ficou conhecido como um grupo de assessores da família Bolsonaro, que atua a partir do Palácio do Planalto com a missão de disseminar conteúdos falsos e promover ataques a desafetos políticos por meio das redes sociais.
Uma reportagem do portal UOL revelou nesta semana que um integrante do gabinete do ódio usou sua presença na comitiva presidencial de Jair Bolsonaro na feira Dubai Airshow, realizada em novembro nos Emirados Árabes Unidos, para conversar com um representante da empresa DarkMatter – que vende tecnologia de espionagem – no stand de Israel.
O integrante da comitiva oficial – um perito em inteligência e contrainteligência, cujo nome não foi informado, responde extraoficialmente ao vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho 02 de Bolsonaro.
A bancada do PSOL vê a tentativa de adquirir a ferramenta de espionagem como mais uma ameaça à democracia urdida pelo clã Bolsonaro.
Informações obtidas pela Anistia Internacional apontaram que no ano passado mais de 50 mil pessoas foram alvos de espionagem por clientes da empresa israelense Pegasus, que oferece serviço semelhante ao DarkMatter.
O software foi usado por ditaduras para monitorar e silenciar opositores – jornalistas, políticos e defensores de Direitos Humanos durante a Primavera Árabe.
No pedido encaminhado ao MPF, o partido afirma que o governo federal tem viés autoritário e um “histórico de perseguições” a desafetos internos. Por isso, os parlamentares solicitam que as “instituições atuem para frear o viés antidemocrático do governo Bolsonaro”.
Os parlamentares querem ter acesso às agendas de cada um dos integrantes da delegação brasileira que estiveram em Dubai naquela ocasião, além de detalhes sobre como foi organizado o encontro entre o representante brasileiro e a DarkMatter.
Também alerta para a necessidade de que os esforços de investigação se concentrem nas ações de Carlos Bolsonaro.