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Bolsonaro, novamente, sem provas, volta a atacar o TSE e as urnas eletrônicas. Presidente comparou apuração de domingo com eleições de 2014, que, segundo ele, teriam sido fraudadas para dar vitória a Dilma. PSDB, depois de toda confusão que provocou, reconheceu a veracidade dos resultados
“Café requentado”. São mentiras já amplamente desmentidas. Mas o chefe do Executivo insiste. Jair Bolsonaro (PL) continua com a cantilena contra as urnas eletrônicas. Ele questionou, na quarta-feira (5), a apuração dos votos registrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no primeiro turno das eleições que assegurou ao ex-presidente Lula (PT) 48,4% dos votos e, ao atual, 43,2%..
Em exemplo nada adequado, Bolsonaro comparou a apuração do último domingo (2) com a das eleições de 2014, quando a então presidente Dilma Rousseff (PT) se reelegeu por pequena margem de votos. Bolsonaro afirma que o atual deputado Aécio Neves (PSDB-MG) venceu o pleito, tese rechaçada pelo próprio tucano e o PSDB.
“Até o gráfico da evolução que foi feito aqui levando-se em conta cada percentual de voto que era computado criou figura geográfica uniforme bem típica de algoritmo, muito parecido com aquela do segundo turno de 2014 do Aécio Neves”, afirmou em transmissão ao vivo nas redes sociais.
MIRABOLÂNCIAS BOLSONARISTAS
Bolsonaro afirmou em outras oportunidades que a alegada fraude no pleito de 2014 está comprovada pelo fato de Aécio e Dilma terem aparecido intercalados na liderança de votos recebidos por mais de 200 minutos. Na teoria propagada por ele – já foi desmentida pelo TSE, esse tipo de padrão matemático não poderia ocorrer de forma espontânea.
Na quarta-feira, o presidente disse que “apareceram alguns problemas” na apuração e que “passou para frente esses problemas”.
No último domingo, logo após a divulgação do resultado da eleição, em que ficou atrás de Lula, mas com diferença menor do que era apontado pelas pesquisas e com vitória de diversos aliados, Bolsonaro evitou levantar suspeitas contra as urnas, como costuma fazer.
Ele disse apenas que aguarda relatório das Forças Armadas, que integra comissão de transparência eleitoral do TSE para opinar sobre o assunto.
Novamente, na quarta-feira, ele comparou a apuração deste ano com a de 2014, que ele afirmou ter sido fraudada.
“Conseguiu já a maioria, daí ela foi numa paralela até o final e cada vez que entrava um minuto de voto dava ora vitória de Aécio, ora vitória da Dilma, e assim foi paralela até o final e foi decidido o segundo turno de 2014. Agora parece que se tivesse mais 5% o nosso oponente teria conseguido a eleição no primeiro turno”, disse.
DESMENTIDO
A alegada alternância entre Dilma e Aécio citada por Bolsonaro não ocorreu. Mesmo se considerada a questionável metodologia do vídeo, ao efetuar os cálculos corretamente, o suposto padrão desaparece.
Em julho de 2021, o mandatário fez ‘live’ com profusão de mentiras sobre as urnas.
Nessa, apresentou vídeo que serve como base para a teoria dele. Um homem anônimo diz ter encontrado padrão nos dados divulgados minuto a minuto que indicariam fraude, pois tal alternância entre Aécio e Dilma no recebimento da maioria dos votos a cada parcial só seria possível por meio do uso de algoritmo.
Ao observar o gráfico com os votos apurados a cada minuto pelo TSE, é possível ver que não há padrão, tampouco que Dilma e Aécio aparecem continuamente intercalados por mais de 200 minutos.
O que o gráfico mostra é que, no início da apuração, Aécio recebe sempre mais votos do que Dilma e que, a partir das 18h25, Dilma registra quase sempre ganho maior de votos.
De acordo com o TSE, esse comportamento é explicado pela distribuição geográfica da apuração das urnas. No início da contagem dos votos, a apuração ocorreu predominantemente nas regiões Sul e Sudeste, onde Aécio venceu. Com isso, o tucano manteve a dianteira na apuração parcial.
Mas a situação se inverteu com a computação dos votos do Norte e Nordeste, onde Dilma atingiu ampla vantagem. Isso consolidou a vitória da petista, que foi reeleita com 51,6% dos votos, conta 48,3% de Aécio.
Auditoria independente promovida pelo PSDB entre 2014 e 2015 concluiu que não foi possível identificar fraudes na votação de 2014. No entanto, os autores fizeram várias sugestões de mudanças e sustentaram que não era possível fazer auditoria externa independente e efetiva do sistema. O TSE contesta essas conclusões e sustenta que o sistema é completamente auditável.
Bolsonaro foi derrotado por uma diferença de 6 milhões de votos no primeiro turno para Lula. E está desorientado com a derrota. Na live, ele atacou os nordestinos e os culpou pela sua derrota. Disse que eles votam em Lula porque são analfabetos.
“Lula venceu em 9 dos 10 estados com maior taxa de analfabetismo”, disse Bolsonaro. “Você sabe quais são esses estados? No nosso Nordeste”, atacou. “Não é só taxa de analfabetismo alta o mais grave nesses estados. Outros dados econômicos agora também são inferiores na região”, prosseguiu ele, mostrando seu desprezo e preconceito com a população nordestina. Mal sabe ele que, de cada dez entre as melhores escolas do país, sete estão no Nordeste.
Agora, seu bode expiatório é a Justiça Eleitoral.
M. V.
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