Jabalia fica na região norte de Gaza e ficou totalmente destruído pelas bombas lançadas por Israel
Israel bombardeou, na terça-feira (31), o campo de refugiados de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza, teve dezenas de residências destruídas, matando dezenas de palestinos. O porta-voz do Exército israelense, coronel Richard Hecht, confirmou a realização do ataque.
O diretor do Hospital Indonésio, que fica perto do campo de refugiados bombardeado, confirmou a morte de pelo menos 50 pessoas, mas admite que o número pode ser maior.
Segundo a agência Reuters, dezenas de corpos ensacados foram alinhados na lateral do Hospital Indonésio, que tenta cuidar das centenas de feridos que chegaram de Jabalia.
As fotos mostram um imenso buraco que foi feito pelas bombas em meio a prédios residenciais, que também foram gravemente danificados.
As gravações registram palestinos buscando amigos e familiares nos escombros.
Os corpos e suas partes estão todos cinzas pela poeira e se confundem, irreconhecíveis, com os destroços do que antes eram moradias.
O jornal Al Jazeera informou que 19 familiares de um de seus funcionários foram mortos pelas bombas de Israel lançadas contra Jabalia.
“Este ato imperdoável, durante o massacre de Jabalia, ceifou a vida do pai de Mohamed, de duas irmãs, de oito sobrinhos e sobrinhas, do seu irmão, da esposa do seu irmão e dos seus quatro filhos, da sua cunhada e de um tio”, informou o jornal.
Israel disse que o bombardeio serviu para matar “muitos terroristas do Hamas, inclusive um líder militar do grupo.
Os 19 familiares de Mohamed, funcionário do Al Jazeera, na criminosa avaliação de Israel seriam apenas danos colaterais.
O campo de refugiados de Jabalia fica no norte da Faixa de Gaza, região que tem sido o alvo mais frequente dos mísseis israelenses, e é habitado por aproximadamente 50 mil pessoas. Sua área é de apenas 1,4 km², essa é uma das regiões mais densamente habitadas do planeta.
MÉDICOS SEM FRONTEIRAS TESTEMUNHAM O MASSACRE
Os Médicos Sem Fronteira divulgaram uma nota condenando o ataque contra o campo de refugiados e reforçando o apelo “por um cessar-fogo imediato para evitar mais mortes na Faixa de Gaza. Já basta!”.
Um enfermeiro da organização, Mohammed Hawajreh, relatou que “crianças chegaram ao hospital com ferimentos profundos e queimaduras graves, sem suas famílias. Muitas gritavam e perguntavam por seus pais. Fiquei com elas até que pudéssemos encontrar um lugar, pois o hospital estava cheio de pacientes”.
A coordenadora do MSF na Palestina, Guillemette Thomas, disse que “todas as instalações de saúde estão completamente sobrecarregadas e enfrentam grande escassez, até mesmo de medicamentos básicos”.
A escassez de medicamentos “está colocando em risco a vida dos pacientes feridos levados aos hospitais”, continuou.
“Nenhum hospital em Gaza está funcionando normalmente”, assinalou.
Suhail Habib, gerente de manutenção de veículos dos Médicos Sem Fronteiras, disse ter visto “coisas horríveis nos hospitais, pés ou braços de pessoas sendo amputados”.