Conselho político do movimento reuniu PSDB, PSB, PCdoB, MDB, Cidadania, PDT, PT, Rede, PL, PV, PSD e Podemos.
O Conselho Político do movimento suprapartidário, “Direitos Já”, reuniu-se na terça-feira (21), por videoconferência, com a presença de representantes de 12 partidos políticos, para avaliar as medidas a serem tomadas diante das ameaças de Jair Bolsonaro à democracia.
O presidente da República participou de manifestação que pediu o fechamento do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e a volta do AI-5, ocorrida no último dia 19 de abril em frente ao QG do Exército em Brasília.
Participaram da reunião do Direitos Já representantes do PSDB, PSB, PCdoB, MDB, Cidadania, PDT, PT, Rede, PL, PV, PSD e Podemos.
O movimento avalia que é preciso barrar a escalada autoritária. Reunindo lideranças de diversos partidos políticos e entidades da sociedade, a direção do movimento já havia denunciado em nota os ataques de Bolsonaro às instituições democráticas no último fim de semana.
“Direitos Já! Fórum pela Democracia” repudia veementemente a participação, as falas e a inaceitável postura do presidente Jair Bolsonaro nas antidemocráticas manifestações ocorridas no dia 19 de abril”.
“A sua presença em um ato dessa natureza é inaceitável, e não é menos intolerável a dubiedade das suas frases sugerindo que o Brasil não vive época de liberdade, ou de que seu mandato não deveria ser mediado no equilíbrio dos demais Poderes. A atitude do presidente é uma absoluta falta de compromisso com as instituições”, diz a nota, divulgada pelo coordenador do movimento, o sociólogo Fernando Guimarães (PSDB).
A reportagem do HP ouviu alguns dos participantes do encontro.
Luciana Santos, vice-governadora de Pernambuco e presidente nacional do PCdoB, que participou de uma parte da reunião, já que ao mesmo tempo participava do fórum dos governadores do Nordeste com o Ministro da Saúde, saudou a iniciativa do encontro e disse que é fundamental a criação de uma frente ampla em defesa da democracia.
“Neste momento em que, no bojo da luta contra o Covid-19, Bolsonaro ataca instituições como o Congresso Nacional e põe em risco o estado democrático de direito, é fundamental iniciativas como esta”, disse a dirigente do PCdoB, acrescentando que convidou os presentes a se somarem no grande ato virtual em defesa da democracia, programado para os próximos dias. Serão realizados videos com protestos, panelaços e declarações dos mais variados setores e lideranças da sociedade pela democracia e contra os ataques à Constituição. A data do evento será definida nos próximos dias.
Estiveram no encontro, representando o PSB, o ex-governador Márcio França e o vereador da capital de São Paulo, Eliseu Gabriel. O parlamentar destacou ao HP que o país deve colocar barreiras às intenções antidemocráticas de Jair Bolsonaro.
“É uma articulação decisiva para fortalecer a luta, que já está em curso, liderada pelas instituições que se manifestaram contra as atitudes do presidente”, disse. Gabriel destacou a importância e o papel do Estado no enfrentamento da crise econômica provocada pela pandemia e defendeu a constituição de “uma frente de salvação nacional” em defesa da democracia.
Valter Sorrentino, vice-presidente do PCdoB, assinalou que a articulação de um amplo espectro de partidos políticos, personalidades e entidades da sociedade civil, a partir deste movimento “Direitos Já” , “é fundamental para deter a escalada autoritária”. Sorrentino avaliou que Bolsonaro tenta radicalizar sua base social, mas está se isolando. “Ele age por surtos e faz os movimentos que avançam o sinal, e depois recua, mas esse recuo nunca é para o mesmo nível que estava antes”, observou.
“Nós temos que responder com firmeza e amplitude, mas sem precipitação, às provocações de Bolsonaro. Temos que ir encontrando as saídas para esta crise. A hora é de muita conversa e muita articulação entre os democratas”, disse o dirigente partidário.
O PT esteve representado no encontro pelo ex-vereador Nabil Bonduki e pelo ex-senador e atual vereador Eduardo Supliy. “A hora é de estar atento a todos os passos do presidente”, disse Suplicy. Ele destacou que o presidente é obrigado a respeitar a Constituição. Suplicy lembrou que Bolsonaro jurou respeitar a Constituição.
“Sua atitude, desrespeitando as instituições democráticas, ofende e entristece a maioria dos brasileiros e é uma atitude inadmissível. O que ele fez passou de todos os limites. O Brasil não aceita a volta do arbítrio”, acrescentou Suplicy.
O deputado Marcelo Ramos (PL-AM) disse que o caráter suprapartidário do movimento “Direitos Já” é importantíssimo neste momento grave da vida nacional porque “agora a discussão não é esquerda versos direita, oposição versos governo, a hora é grave. Há ameaças sérias à democracia brasileira. A hora é de uma ampla frente em defesa da Nação”.
“O que está em jogo é o estado democrático de direito e, por isso, temos que unir todos os segmentos políticos do país em defesa da democracia”, observou o parlamentar amazonense.
A ideia de organizar, junto com os presidente de partidos, uma manifestação digital reproduzindo os panelaços, trazendo as personalidades, os políticos, as entidades da sociedade e artistas em defesa da democracia animou os presentes.
A ex-vereadora Soninha Francine, representante do Cidadania, gostou da proposta e sugeriu que as janelas fossem locais de manifestações e que as pessoas colocassem sinais de apoio à democracia.
“As pessoas têm que saber o que foi o AI-5. Estamos tendo que enfrentar a epidemia do coronavírus e, ao mesmo tempo, temos uma preocupação adicional, que é a ameaça à democracia por parte do presidente Bolsonaro”, afirmou Soninha. “Cada um de nós temos que ampliar nossos contatos na sociedade e demonstrar a união em defesa da democracia”, disse a ex-vereadora.