Ele também defenderia a distribuição generalizada de cloroquina
Jair Bolsonaro frustrou os panelaços que se preparavam em todo o país e desistiu do pronunciamento que faria em rede nacional de rádio e televisão neste sábado (16) para defender mais uma vez o fim de medidas de isolamento social e o aumento das ações que têm elevado o número de mortes no país. No mesmo dia em que ele falaria, o Ministério da Saúde anunciou que o Brasil chegou aos 15,6 mil mortos atingindo o triste título de sexto país do mundo em número de óbitos.
O número divulgado pelo Ministério da Saúde, órgão do qual dois ministros se afastaram, em três meses, por discordar de sua insanidade, mostra que o número de mortos por milhão de habitantes está dez vezes maior no Brasil do que a nossa vizinha Argentina, onde o governo trabalha com seriedade para defender a vida das pessoas e para proteger a economia. Segundo a organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil está com 69,7 mortos por milhão de habitantes, enquanto a Argentina está com 7,8.
Outro dado que a OMS revela é que a Suécia, país citado por Bolsonaro como exemplo que o Brasil devia seguir, por não ter instituído o isolamento social obrigatório, tem um índice de mortes por milhão de habitantes cinco vezes mais alto que o Brasil. A Suécia é o quinto pior país do mundo neste quesito, com 361 mortos por milhão de habitantes, atrás apenas da Bélgica, Itália, Reino Unido e França.
A suécia tem mais mortes do que todos os países escandinavos juntos.
Bolsonaro anunciou a intenção de fazer o novo pronunciamento – o sexto desde o início da crise – quando fez uma videoconferência com empresários na última quinta-feira (14) para tentar insuflá-los contra os governadores pelo fim da quarentena.
“Nós temos que ter mais do que comercial de esperança, transmitir a confiança. Tanto é que vamos ter um pronunciamento gravado para sábado à noite nessa linha”, disse na ocasião.
Chegou o sábado e ele não teve o que falar para o Brasil. Apenas anunciou que estará no domingo na rampa do Planalto em mais um ato contra o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e para xingar o ex-ministro Sérgio Moro.
Pelo Twitter, Bolsonaro voltou a defender, neste sábado, o uso da cloroquina, que em recente estudo é condenada para o tratamento da Covid-19. Na rede social, Bolsonaro compartilhou uma frase que diz que “um dos efeitos colaterais da cloroquina, remédio baratíssimo, é prevenir a corrupção”.
A cloroquina tem sido contraindicada por médicos principalmente devido aos riscos cardíacos.
E, por falar em corrupção, a fabricante da cloroquina no Brasil, a Apsen, foi uma das empresas que fez doações para o então candidato Jair Bolsonaro. O presidente da empresa, Renato Spallicci, é bolsonarista de carteirinha. Por causa da cloroquina, que Bolsonaro queria impor como medicamento nos hospitais, o ministro Nelson Teich pediu demissão do cargo de Ministro da Saúde.